Conheça as deliciosas Cream Ale: cervejas leves e refrescantes
As bebidas foram criadas nos Estados Unidos e contam com versões brasileiras incríveis
atualizado
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A maior parte das invenções acontece por duas razões: curiosidade e necessidade. Assim, quando nos deparamos com o desafio de conhecer a fundo a origem de um determinado estilo de cerveja, um dos caminhos mais interessantes é entender o contexto daquela invenção. O estilo Cream Ale é, entre todos, um dos mais genuinamente norte-americanos. Ele nasceu no Nordeste dos Estados Unidos, por volta de 1880, atendendo à necessidade de sobrevivência das pequenas cervejarias que se depararam com a chegada de imigrantes alemães e suas Lagers maravilhosas.
De uma hora pra outra, todos queriam tomar aquela cerveja clara, neutra, leve e refrescante. Algumas fábricas, até então acostumadas a oferecer cervejas bem mais maltadas e escuras, encararam a ameaça de um jeito diferente: com muita criatividade.
Como as cervejarias americanas não tinham acesso a leveduras específicas para a produção do estilo Lager, e tampouco conheciam suas técnicas de fabricação, a alternativa encontrada foi adicionar às receitas nativas um pouco de milho ou arroz – para conferir um corpo mais leve. Para deixá-las mais neutras, a fermentação ocorria em temperaturas baixas. E, para alcançar a tonalidade clarinha das Lagers alemãs, introduziu-se o malte Pilsen. O lúpulo era usado de forma comedida e os maltes tostados, nem passavam perto dos tanques.
A filosofia era simples: quanto mais branda e equilibrada, melhor a bebida. A partir da repetição desse mantra, nascia o estilo Cream Ale e, com ele, surgiam as cervejas mais baratas e leves da América. Do ponto de vista sensorial, as Cream Ales correspondem às Kölsch alemães. São cervejas híbridas, ou seja, apesar de fazerem parte da grande família Ale e usarem leveduras que
preferem altas temperaturas, elas são fermentadas em ambientes um pouco mais frios.
Entre a escola alemã e a americana, a grande diferença é o uso de adjuntos pela segunda, só que isso também não é regra. Falamos anteriormente em milho e arroz, mas muitos mestres-cervejeiros simplesmente misturam malte de trigo ou malte Pilsen ao malte do tipo Pale. Uma coisa é certa: toda Cream Ale que se preze deve ser leve, muito refrescante e ter alta carbonatação.
Curiosidade:
As Cream Ales foram extremamente populares até a aprovação da Lei Seca americana, em 1920. Treze anos mais tarde, quando a produção e o consumo de bebidas alcoólicas foram novamente liberados, o cenário estava diferente e esse tipo de bebida quase caiu em esquecimento absoluto. É que a venda de cervejas leves fora monopolizada por grandes marcas e uma avalanche de receitas desastrosas. Só em meados da década de 1990 o estilo ressuscitou das cinzas em
versões modernas e mais ousadas que as originais.
Hoje, temos sorte de podermos degustar Cream Ales deliciosas, com uma pegada mais maltada, com adição de nitrogênio e até mesmo com um toquezinho de lúpulos americanos.
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