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Cervejas de trigo têm muita história e várias receitas mundo afora

Uma delas é a Witbier, feita com casca de laranja e coentro, que desde os anos 1960 tornou-se queridinha do verão europeu

atualizado

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Cervejas de trigo
1 de 1 Cervejas de trigo - Foto: Reprodução

Fermentar bebidas a partir do trigo é prática antiga. Os primeiros registros foram feitos há cerca de 4 mil anos. No entanto, nos formatos que conhecemos hoje, os estilos de cerveja que levam trigo na receita tiveram origem no fim da Idade Média. Na Bélgica, a produção começou no ano 1445 e era comandada por monges da província de Brabant.

Como as vantagens do lúpulo ainda eram desconhecidas, os cervejeiros usavam algumas especiarias importadas da vizinha e desbravadora Holanda para deixar a bebida menos doce e azeda. Essa linhagem de receitas recebeu, séculos depois, o nome de Witbier, que significa cerveja branca.

 

ReproduçãoUma longa história
Uma boa parte do crédito pelo surgimento desse estilo vai para o mestre Pierre Celis (foto ao lado), leiteiro que, em meados de 1960, recuperou a base do estilo ancião ao produzir uma cerveja extremamente leve, não filtrada e com baixíssimo amargor. Feita com malte de cevada, trigo não maltado, semente de coentro e casca de laranja curaçao, a cerveja branca tornou-se, desde então, namoradinha do verão europeu.

Um pouco mais ao sul, na Alemanha do século 15, a bebida de trigo já era muito popular. A obsessão pelo ingrediente era tanta que as plantações do cereal não eram suficientes para atender à demanda cervejeira e alimentícia.

Lei contra o trigo
Assim, no dia 23 de abril de 1516, o duque Guilherme IV publicou a chamada Lei da Pureza (Reinheitsgebot). Ela instituía que as cervejas só poderiam ser fabricadas com água, malte de cevada e lúpulo. Nada de trigo.

Garantir o pão de cada dia, no entanto, é apenas uma das teorias que justificam a norma germânica. Guilherme IV, que usou como argumento a preocupação em manter a qualidade das cervejas alemãs, talvez quisesse, na verdade, atingir a família rival Degenberg, dona do monopólio da produção das cervejas de trigo. Será?

ReproduçãoE aí, três séculos depois…
Fato é que só depois de três séculos a realeza abriu a guarda e deu sinal verde para cervejarias como a Schneider e a Erdinger produzirem Weissbiers — as tradicionais cervejas de trigo alemãs, mais frutadas, cheias de ésteres e fenóis advindos, prioritariamente, da levedura que age em altas temperaturas.

Do outro lado do Atlântico, já no século 20, cervejarias do Noroeste dos Estados Unidos começaram a imitar o estilo alemão, mas usando leveduras mais neutras, as únicas disponíveis. Foram décadas de experimentações que resultaram em uma linhagem própria.

Para todos os gostos
Com menor percentual de trigo (30-50%) e fermentação a temperaturas mais  baixas (às vezes, com o uso de leveduras do tipo Lager), as cervejas do estilo American Wheat são feitas com dose extra de lúpulos. Mais amarguinhas e cítricas, elas também conquistaram corações em busca de sombra e cerveja fresca, e hoje completam a trinca clássica das cervejas que levam trigo em suas receitas.

Aqui no Brasil, encontramos cervejas de trigo para todos os gostos. Com adição de frutas, folhas de hortelã, mais ou menos amargas, clássicas e premiadas, a lista é grande. Aí vai uma seleção feita especialmente por nós, do Ohmybeer.

5 imagens
Blanche do Cerrado
Bamberg Weizen
Basilicow
Branca de Brett
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Seresta Ciumenta

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Blanche do Cerrado

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Basilicow

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Branca de Brett

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Seresta Ciumenta
Cervejaria: Seresta
Estilo: Weiss
Procedência: Goiânia
ABV: 5%
A base da cerveja segue uma receita tradicional de Weissbier. No entanto, a Ciumenta é feita também com malte defumado e hortelã. É uma versão mais refrescante do estilo alemão e com uma pitadinha discreta de fumaça. Muito interessante e novíssima no mercado.

Blanche do Cerrado
Cervejaria: Microcervejaria X
Estilo: Witbier
Procedência: Brasília / Goiânia
ABV: 5%
É temperada com sementes de coentro, limão siciliano e laranja doce. O amargor é quase imperceptível, enquanto a acidez mantém-se firme e equilibrada até o fim da degustação. Cítrica e refrescante, é uma boa pedida para o verão no cerrado.

Bamberg Weizen
Cervejaria: Bamberg 
Estilo: Weiss 
Procedência: Votorantin (SP)
ABV: 5%
Segue o estilo tradicional da Bavária: turva, com espuma fofa e alta carbonatação. Por causa do tipo de levedura usado, aromas e sabores lembram cravo e canela. Premiada e deliciosa, vale cada gole de frescor.

Basilicow
Cervejaria: Seasons
Estilo: Witbier com manjericão 
Procedência: Porto Alegre (RS)
ABV: 5%
Ganhou o prêmio de melhor cerveja do ano na edição de 2015 do Concurso Brasileiro de Cervejas. No quesito refrescância, é a perfeição. Assim como toda Wit, tem a coloração amarelo palha e é feita para ser tomada o dia inteiro. Neste caso, além do malte de trigo, ela leva aveia em flocos e muito manjericão.

Branca de Brett 
Cervejaria: Dogma
Estilo: Sour Ale com trigo
Procedência: São Paulo (SP)
ABV: 5,5% 
Cerveja de trigo fermentada com um blend de leveduras brettanomyces conferindo caráter ácido à bebida. Como se não bastasse tamanha ousadia, os cervejeiros ainda incluíram manga e abacaxi na receita, que foram adicionados na fase de fermentação. Ah, um dose extra de lúpulo complementa toda a experiência. Deliciosa.

 

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