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Cervejas azedas e frutadas são a bola da vez

Até onde os brasileiros estão indo na arte de criar bebidas ácidas e deliciosamente contaminadas? É o que mostra o festival em Blumenau

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Tendência é uma coisa difícil de explicar, não é? É como ver uma onda se formando lá no fundo do mar e ter a certeza de que ela vai ficar gigante. Às vezes, o movimento engana e nada acontece, tudo volta à normalidade sem grandes emoções. Em outros momentos, no entanto, é possível antever um tsunami, basta estar no lugar certo e de olhos bem abertos.

Quando se fala em cerveja, não existe evento mais propício pra se observar a formação de ondas gigantes do que o Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (SC). Nesta edição, além de ser eleita a melhor cervejaria do ano, a Tupiniquim ganhou medalha de ouro na categoria Best of Show Experimental com sua deliciosa Funky Framboesa.

Trata-se de uma Fruit Lambic, cerveja deliciosamente azeda e, claro, frutada. Inspirados por ela, decidimos investir boa parte do nosso dia indo atrás de bebidas ácidas, criativas e nada convencionais. E o mundo das Sour Ales brasileiras se abriu para nós.

Cerejas azedas, salgadas e incríveis
Até onde os brasileiros estão indo na arte de criar bebidas ácidas e deliciosamente contaminadas? Experimentamos exemplares absurdamente incríveis da Way Beer (Gose e Sour Goiaba) e da Morada (Cidra, de abacaxi e hibisco, Gasoline Sour e a Gose com limão).

A cervejaria Urbana trouxe para o evento sua maravilhosa Relaxe e Gose, feita com cranberry. Já a Bodebrown apareceu com uma lista de rótulos surpreendentes, dos quais destacamos a Golden Mirtilo Sour e a Atomga au Cognac.

A Suricato nos presenteou com uma Pumpkin Sour e a Maniba, com as surpreendentes Berliner Weisse e Red Flanders Ale. Isso só para citar algumas.


Muita experimentação
Não é de hoje que os brasileiros fazem Sour Ales, mas é inegável que a evolução dos nossos cervejeiros já nos permite, em termos de inovação, fazer frente às grandes escolas mundiais. Se não temos tradição, estamos compensando com a experimentação no uso despudorado de uma variedade insana de frutas e ervas.

Para vocês terem ideia, em pouco mais de quatro horas, provamos cervejas que levam goiaba, jabuticaba, caju, abacaxi, manga, mirtilo, hortelã, pimentas, cranberry, menta, cardamomo, cereja, gengibre, sal, mel, morango e muito mais. Isso, sem contar as maturadas em  barris de madeira que um dia armazenaram uísque, rum, conhaque, vinho e cachaça.

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Uma nova escola cervejeira
Alguns dos melhores estandes já são divididos, meio a meio, entre cervejas “tradicionais” e as maturadas em barris (wood aged). Dá para perceber uma euforia diferente quando se trata desse tipo de experimentação. Dizer que Sour Ale é uma tendência no Brasil não é novidade. A frase poderia ter sido escrita, tranquilamente, em 2014.

Este ano, no entanto, observamos que a experimentação com frutas, especiarias e diferentes tipos de madeiras já aponta para o surgimento de uma nova escola cervejeira nacional. Nessa nova escola, de muita identidade, os sabores tropicais e amadeirados colorem de forma graciosa os exemplos azedos gringos que aprendemos a amar.

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