Amargo é ruim? Aprenda dicas para consumir cervejas mais fortes
É preciso treinar o paladar antes de sair tomando bebidas muito amargas
atualizado
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Tomar café puro, sem franzir a testa ou fazer careta, é praticamente impossível para quem não abre mão da bebida adoçada. Mais do que uma questão de gosto ou hábito, a preferência por alimentos doces pode estar relacionada a um passado esquecido: o período da amamentação! Além de habituadas com o gosto docinho do leite, as crianças têm mais papilas gustativas que os adultos. Isso significa que o amargo é sentido com mais intensidade por quem tem idade de apenas um dígito.
Outro fator que ajuda a explicar as sensações motivadas por estímulos ao paladar pode estar relacionado a um mecanismo de defesa do corpo. Pesquisas mostram que a rejeição ao sabor amargo nada mais é que uma reação do cérebro a um alimento que pode ser venenoso. Normalmente, venenos não são docinhos, certo?Seja qual for a teoria usada para desvendar os mistérios do paladar, nós estamos aqui para te ajudar a vencer esse bloqueio, principalmente quando ele está relacionado à cerveja. O primeiro passo é entender como o nível de amargor é calculado nas cervejas e de que forma essa informação costuma ser repassada ao degustador.
Em muitos rótulos de cerveja você vai encontrar a sigla IBU, que significa International Bitterness Units. Trata-se da unidade de medida de uma escala de amargor calculada de acordo com três variáveis: o peso total de lúpulo usado na receita, a percentagem de alfa-ácidos liberados durante o processo e a quantidade de cerveja produzida.
Oficialmente, esse índice varia de 0 a 120. Quanto maior o IBU, mais amarga é a bebida. Enquanto uma Pilsen comum tem cerca de 5 IBU, uma IPA não terá menos de 50. Outra informação importante: quanto maior a proporção de malte em relação ao lúpulo e à água usada na receita, mais alcoólica e doce tende a ser a cerveja.
Claro que maltes torrados e defumados contribuem com sabores mais achocolatados, defumados e até mesmo amargo. Ainda assim, vale a regra, buscar bebidas escuras pode ser uma boa alternativa para quem quer acostumar o paladar a sabores mais intensos e não está a fim de se aventurar no lado amargo da vida.
Outra dica é sair da zona de conforto. Quando estiver em um bar ou em uma loja de cervejas especiais, escolha uma que seja um pouco diferente das que você está acostumado. Vá com calma, não precisa ser um estilo extremo, mas suba um pouquinho o nível de amargor ou deixe-se levar por uma receita mais ousada, mesmo que seja pedindo uma pequena dose. Já parou para pensar o quanto é divertido descobrir novos sabores? Sentir um gosto pela primeira vez? Se joga, vai!
É tudo uma questão de treino
Pelo que vimos e sentimos ao longo desses cinco anos trabalhando com cerveja, arriscamos dizer que é possível treinar o paladar para sabores mais intensos ou diferentes do que estamos acostumados. Eu, Marina, lembro a primeira vez que tomei uma Sour Beer. Foi em São Francisco, na Califórnia, e odiei! Não conseguia chamar aquilo de cerveja, era azedo e estranho demais.
Meses depois, fiz novas tentativas no Festival de Cerveja, em Blumenau. Não foi aquele susto, mas ainda assim era esquisito demais pra mim, meu cérebro ainda não aceitava aquelas informações com naturalidade e sensação de prazer. Aos poucos fui experimentando outros rótulos e a percepção do sabor começou a mudar. O azedo deixou de ser uma característica ruim e eu comecei a associar esse tipo de receita a uma sensação de refrescância. Hoje, Sour Beer é um dos meus estilos preferidos.
Por fim, um desafio: experimente a cerveja Invicta 1000 IBUs. Há quem diga ser impossível alcançar esse índice. Será que eles conseguiram?