Comer ou não comer, eis a questão: conheça o jejum intermitente
Segundo os três especialistas ouvidos pelo Metrópoles, se feito de forma consciente e com acompanhamento nutricional, o jejum é seguro, sim
atualizado
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Fazer jejum não é novidade. Ficar sem comer por longos períodos de tempo é uma prática comum em várias religiões e conviver com a falta de alimentação no dia a dia era perfeitamente normal na época das cavernas, quando a comida não vinha fácil nas gôndolas do supermercado.
Antes de se instituir as refeições de três em três horas, a frequência alimentar era completamente diferente. Segundo o especialista em nutrição otimizada Rodrigo Polesso, há 30 anos era normal fazer jejum de 12 horas sem perceber. “O comum era tomar café da manhã, almoço e janta, sem lanches no meio do caminho”, explica.
Em 2016, a atriz Deborah Secco deu uma entrevista revelando que tinha adotado o chamado jejum intermitente para emagrecer os quilos que ganhou na gestação. Ela contou que ficava até 24 horas sem ingerir nada que não fosse água e que, quando podia comer, seguia uma dieta com poucos carboidratos e muitas proteínas. Em tempos de refeições balanceadas e frequentes, as declarações da atriz lançaram um grande debate: ficar sem comer é saudável mesmo?
Segundo os três especialistas ouvidos pelo Metrópoles, se feito de forma consciente e com acompanhamento nutricional, o jejum é seguro, sim, e interessante para o corpo. “Com orientação é saudável. O paciente precisa ter uma dieta balanceada com poucos carboidratos e proteínas. Caso contrário, se comer calorias vazias ou tentar compensar o jejum com muitas calorias, pode perder cabelo, ter dores no corpo e ficar depressivo”, explica a nutricionista Thais Lamas, da Clínica Janice Lamas Radiologia.
A grande vantagem do jejum é incentivar o corpo a começar processos que ficam de lado quando há muita energia disponível. “Quando o corpo não é alimentado, muitas coisas acontecem. A mais importante delas é a autofagia, que é um processo natural do corpo. Ele aproveita que não está recebendo energia e se recicla, se livra de organelas imperfeitas. É um tempo para o organismo se otimizar”, explica Rodrigo.
A autofagia é o assunto estudado pelo professor japonês Yoshinori Ohsumi, que venceu o prêmio Nobel de Medicina em 2016, e é frequentemente relacionada à proteção contra o envelhecimento e doenças neurodegenerativas. Outros benefícios do jejum bem feito são um metabolismo mais acelerado, melhor absorção de algumas vitaminas, maior concentração e mais ânimo.
O jejum intermitente não é conhecido por ser uma dieta, e sim um estilo de vida. Apesar disso, a prática é comum e dá resultados em quem quer emagrecer e pensa em dar um choque no corpo. Com acompanhamento nutricional, o paciente pode escolher entre alguns protocolos e, para começar, já deve estar seguindo uma dieta correta.
Existem jejuns de, no mínimo, 14 horas, mas o mais indicado é o que dura 16 horas, chamado 16/8. O paciente tem uma janela de oito horas por dia para comer (e deve seguir a dieta durante esse tempo, nada de compensar pelas refeições perdidas). Os mais adaptados conseguem ficar 24 horas sem comer, embora os nutricionistas lembrem que só é saudável fazer esse tipo de jejum durante dois dias por semana. “Ficar este período sem comer pode dar hipoglicemia e irritabilidade”, conta a nutricionista Andrea Marim.
“São quatro dias infernais para se acostumar com o jejum. A pessoa fica com fome e irritada”, explica Thaís. Mas Andrea ensina que o organismo eventualmente se adapta à nova frequência alimentar e para de sentir fome.
Porém, a prática não é para qualquer um: não pode ser feita por gestantes e com cuidado, em idosos. É importante também prestar atenção nos exercícios de alto impacto nos dias de jejum: o ideal é evitar abstinências de 24 horas, nesses casos. “Caso a pessoa esteja bem condicionada, vai conseguir fazer exercícios de menor intensidade que o normal sem problemas, sem perder massa magra”, explica a nutricionista..
Confira algumas famosas que são adeptas do jejum: