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Mulheres do DF e Entorno preparam greve e protestos para 8 de março

A Parada Internacional de Mulheres acontecerá em 30 países, de todos os continentes. A capital do Brasil não ficará de fora dessa luta

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Rovena Rosa / Agência Brasil
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1 de 1 1023253-01062016-dsc_7075_1 - Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

O próximo 8 de março ficará lembrado como a data em que mulheres do mundo inteiro foram às ruas para lutar por direitos.  A Parada Internacional de Mulheres ocorrerá em 30 países. A capital brasileira não ficará de fora e terá protestos e greves.

Na quarta-feira (8/3), mulheres do DF e Entorno programaram um ato pelo Dia Internacional da Mulher, a partir das 16h, em frente ao Museu da República. Cerca de 50 organizações feministas organizaram o protesto contra “a perda de direitos que o atual momento político do país representa.”

Veja os principais pontos de luta das mulheres do Distrito Federal:

Por que paramos?

1. Basta de feminicídio: o Brasil está entre os cinco países com maior índice de homicídios de mulheres, segundo o Mapa da Violência 2015. No DF, a taxa desse crime cresceu 41,1% entre 2006 e 2013. Seis cidades do Entorno estão entre as 100 onde mais se matam mulheres no país. As vítimas preferenciais são as negras, jovens e com baixa escolaridade.

2. Contra a cultura do estupro: no Brasil, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada. No DF, 60% dos estupros em 2016 vitimaram jovens com menos de 14 anos de idade. É comum culpar a vítima pela violência sofrida e tratar a agressão dos homens como algo normal. Cantadas de rua, piadas sexistas, ameaças, assédio moral e sexual dão formato à cultura do estupro, cuja violência tem consequências seriíssimas para nossas vidas.

3. Pela legalização do aborto: o aborto está entre as principais causas de morte de mulheres no Brasil. A cada dois dias, uma mulher morre em decorrência de aborto clandestino. Esse grave problema de saúde pública mata sobretudo as mulheres em situação de vulnerabilidade: por não ter como pagar, mulheres pobres, negras e com menos escolaridade recorremos a métodos que ameaçam nossas vidas.

4. Pelo fim do racismo cotidiano contra as mulheres negras: nosso passado escravocrata e ausência de políticas, ao longo dos séculos, voltadas às mulheres negras nos colocam em posição subalterna, como objetos sexuais, tirando-nos o acesso a direitos fundamentais e reforçando desigualdades baseadas em gênero e raça/cor. Mulheres e meninas negras enfrentamos desproporcionalmente a combinação de múltiplas formas de discriminação e somos a maioria das vítimas em diversos indicadores de violações de direitos, inclusive nos feminicídios, forma mais grave de violência contra as mulheres.

5. Pelo fim da lesbofobia e da bifobia e pela vida das mulheres trans: o Brasil é onde mais se matam LGBTs. A sobreposição de preconceitos aumenta o risco e faz com que a violência dentro e fora de casa seja real para lésbicas, mulheres bissexuais, trans e travestis. O preconceito e o machismo institucionais (em escolas, serviços de atendimento de saúde, segurança e justiça) negam-nos o acesso ao mercado de trabalho e o direito à nossa identidade.

6. Pelos direitos das mulheres com deficiência: aproximadamente 40% das mulheres com deficiência no mundo já sofreram violência doméstica. No Brasil, somos mais de 25 milhões de mulheres com deficiência, a maioria negras. Pelo isolamento social e pelo silêncio que circunda nossos corpos e nossas vidas, ficamos ainda mais expostas a todo tipo de violência e de abuso.

7.  Pela vida das mulheres em privação de liberdade: o sistema carcerário reproduz as desigualdades de gênero, restringindo as oportunidades de estudo e de trabalho para as mulheres.

8.  Pelo fim da violência contra indígenas, quilombolas e mulheres do campo: principais responsáveis pela agricultura familiar e pela pecuária, somos as que mais sofremos com a atuação de grandes empresas em nossos territórios e as desigualdades trazidas por esse modelo de crescimento econômico.

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São Paulo - Manifestação de mulheres contra o machismo e a cultura do estupro na Avenida Paulista, região central da cidade (Rovena Rosa/Agência Brasil)
São Paulo - Manifestação de mulheres contra o machismo e a cultura do estupro na Avenida Paulista, região central da cidade (Rovena Rosa/Agência Brasil)
São Paulo - Manifestação de mulheres contra o machismo e a cultura do estupro na Avenida Paulista, região central da cidade (Rovena Rosa/Agência Brasil)
São Paulo - Manifestação de mulheres contra o machismo e a cultura do estupro na Avenida Paulista, região central da cidade (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Brasília - Mulheres negras protestam contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Congresso Nacional (Antonio Cruz/Agência Brasil)
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Greve geral
Paralelamente ao ato, haverá uma Greve Geral das Artistas Mulheres do DF, na quarta-feira (8/3), organizada pela Rede de Mulheres das Artes Visuais do DF. Elas desejam enfatizar a desigualdade de gênero nesse meio.

A ação foi programada por 32 artistas. Elas cobrirão com tecido preto suas obras na exposição Ondeandaonda II, em cartaz no Museu Nacional da República. Os trabalhos permanecerão velados até dia 12 de março.

  • Algumas das discussões que elas pretendem levantar são:
  • A predominância masculina de artistas representados por galerias de arte
  • A necessidade de recuperação da história da arte da produção de artistas mulheres
  • A ausência de políticas públicas culturais de fomento à pesquisa, mapeamento e incentivo da história da artista mulher
  • A ausência de espaços que acolham mulheres com filhos em residências artísticas
  • As dificuldades redobradas para mulheres artistas, pesquisadoras e curadoras de se manterem na produção artística e no campo de trabalho após engravidarem. Muitas estão optando por não ter filhos para continuar na área de maneira promissora.

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