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Venerado e odiado, a polêmica trajetória de Fidel Castro

O líder da revolução nacionalista de 1959 era visto de diversas formas. Para uns, um herói histórico. Para outros, um sanguinário

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ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
Fidel Castro
1 de 1 Fidel Castro - Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO

Venerado, odiado, influente, tirano, implacável. Fidel Castro, líder da revolução nacionalista de 1959, era visto de diversas formas até encerrar sua trajetória na noite desta sexta-feira (25/11), quando morreu aos 90 anos. Para uns, Fidel Castro foi o herói histórico da esquerda moderna, o homem que mais desafiou os Estados Unidos. Para outros, no entanto, um ditador sanguinário e o culpado por isolar a ilha de Cuba por quase 60 anos de todo o mundo.

Conhecido como “Comandante” pelos cubanos, ele era personagem de várias histórias e boatos: “Ele não dorme”, “ele não esquece de nada”, “é capaz de te penetrar com o olhar e descobrir quem você é”.

O ditador nasceu no leste de Cuba. Filho de Ángel Castro, um imigrante espanhol, e de Lina Ruz, cozinheira, só foi reconhecido pelo pai aos 17 anos de idade. Até então, havia sido registrado apenas como Fidel Hipólito. Estudou em escolas católicas nas províncias de Santiago de Cuba e Havana, destacando-se desde criança por sua capacidade de memorizar dados.

Em 1945, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Havana. Ali teve início seu envolvimento com a política estudantil, viajando à Colômbia em 1948 como delegado da Federação dos Estudantes Universitários.

Neste mesmo ano, casou-se com a estudante de filosofia Mirta Diaz-Balart, com quem teve um filho, “Fidelito”, que chegou a dirigir a comissão para a energia atômica do país. Na década de 1950 nasceu sua filha Aline Fernández, fruto de um caso extraconjugal, quem mais tarde faria oposição direta ao regime do pai.

Golpe
Começou a trabalhar como advogado nos anos 1950 já demonstrando uma inclinação notadamente nacionalista e antiamericana. Dois anos mais tarde, um golpe de Estado levou ao poder o ditador Fulgêncio Batista, contra o qual Fidel começou a fazer oposição clandestina, liderando um ataque ao quartel La Moncada, em Santiago de Cuba.

O episódio, que aconteceu em julho de 1953, rendeu a Fidel a condenação por quinze anos. Preso com o irmão, Raúl, escreveu o famoso discurso intitulado “A História me Absolverá”, saindo em defesa própria.

Foi libertado por uma anistia a presos políticos e se exilou no México onde conheceu o revolucionário Ernesto “Che” Guevara, que passou a fazer parte de uma guerrilha revolucionária capitaneada por Fidel. Juntos, organizaram uma invasão à ilha, desembarcaram em um manguezal do oeste cubano e foram recebidos a tiros por soldados de Batista.

Em 1958, os rebeldes se espalharam por toda a ilha, fazendo com que o ditador fugisse de Havana em janeiro do ano seguinte. Assim, Fidel formou um governo provisório, tornando-se chefe das Forças Armadas e, mais tarde, primeiro-ministro.

A política de nacionalização (que incluiu a Reforma Agrária) de Fidel estabeleceu rivalidades com os Estados Unidos, o que resultou em uma aproximação com a União Soviética, que passou a comprar açúcar cubano. Como consequência, Cuba passou a sofrer embargo econômico norte-americano. Em 1961, Fidel declarou Cuba como Estado socialista.

No mesmo ano, exilados cubanos protagonizaram a frustrada invasão da Baía dos Porcos e, mais tarde, outro episódio conhecido como “crise dos mísseis” – que começou com a instalação de mísseis soviéticos em território cubano – agitaria o governo dele, impulsionando um cerco à ilha por parte dos Estados Unidos.

Queda
Os conflitos dos anos 1990, marcados em seu início pela queda do bloco socialista colaboraram para enfraquecer o governo cubano. Fidel manteve a posição de não abandonar o sistema que introduzira na ilha, mas, com o isolamento de Cuba, foi obrigado a abrir a economia para o investimento estrangeiro.

Seu regime foi muito questionado pela comunidade internacional, recebendo graves denúncias relativas aos direitos humanos, inclusive de execuções e restrições à liberadade.

Com o passar dos anos, a figura do irmão Raúl Castro como potencial sucessor do poder foi emergindo na medida em que Fidel foi-se mostrando debilitado, inclusive desmaiando durante seus discursos. Em 31 de julho de 2006, por causa de uma cirurgia no intestino, Fidel transferiu em caráter provisório a função máxima da República Cubana a Raúl e finalmente em 2008 anunciou sua renúncia oficial à presidência, encerrando mais de quatro décadas de poder.

Nos últimos anos, o regime socialista criado e mantido por Fidel viu novos aliados, como o venezuelano Hugo Chavéz, surgirem, como novos opositores, como a blogueira Yoani Sánchez. Devido à sua doença, suas aparições públicas se tornaram cada vez mais raras. Nem durante a visita histórica de Barack Obama, em março de 2016, o líder cubano apareceu publicamente.

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