Reino Unido precisa de aprovação do Parlamento para ativar Brexit
Juízes da Suprema Corte do Reino Unido deram razão a cidadãos que questionaram as atribuições do Executivo para iniciar processo contra UE
atualizado
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Em um duro golpe contra o governo britânico, a Suprema Corte do Reino Unido do país determinou nesta quinta-feira (3/11), que o governo da primeira-ministra, Theresa May, deve receber autorização do Parlamento antes de ativar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dá início ao período de dois anos de negociações para sair da União Europeia (UE).
Em um veredicto histórico, os juízes deram a razão a um grupo de cidadãos que questionaram as atribuições do Executivo para dar início ao processo de desligamento da UE sem convocar previamente uma votação parlamentar.
Ambiente legal
Entre os cidadãos que iniciaram o processo no Tribunal Superior está a empresária britânica Gina Miller, que expressou seu desejo de acabar com “um ambiente legal” no qual o governo “pode passar acima do Parlamento”. “Muitos dos direitos dos que a senhora Miller e outras pessoas desfrutam atualmente (no Reino Unido) serão suprimidos se a notificação (de saída da UE) for enviada para Bruxelas”, alegou seu advogado, David Pannick.
Os procuradores do Governo argumentaram durante o julgamento, realizado entre 13 e 18 de outubro, que o referendo do dia 23 de junho, no qual os britânicos apoiaram a saída da UE por 51,9%, dava à primeira-ministra legitimidade para executar unilateralmente a vontade do povo. Também indicaram que “provavelmente” poderia haver uma votação parlamentar no final do processo negociador, para ratificar o novo acordo fechado com a Comissão Europeia.
Fim de direitos
Os membros do tribunal alegaram que abandonar a UE acabará com alguns direitos, como a livre circulação dentro do bloco, e afirmaram que o processo não pode começar sem aprovação do Parlamento. Três magistrados determinaram que “o governo não tem o poder dentro da prerrogativa da Coroa” para iniciar as conversas de saída da UE.
May anunciou durante o recente congresso anual do Partido Conservador sua intenção de ativar o Artigo 50 antes do final de março de 2017, um plano que agora dependerá da decisão dos tribunais.
A ambiguidade do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece que um Estado pode deixar a UE “de acordo com seus próprios requerimentos constitucionais”, levou a um desacordo entre os especialistas legais, em um país que não conta com uma constituição escrita.