Hollande desiste de mudanças na constituição após ataques de Paris
As duas casas do Parlamento discordaram do projeto e um compromisso “parece fora de alcance”, disse o presidente
atualizado
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O presidente da França, François Hollande, decidiu abandonar um projeto de lei que pretendia revogar a cidadania de terroristas condenados e reforçaria o estado de emergência. Em um raro discurso a jornalistas depois da reunião semanal do gabinete, Hollande afirmou que não teve escolha.
As duas casas do Parlamento discordaram do projeto e um compromisso “parece fora de alcance”, disse o presidente. “Eu lamento muito essa atitude.” Hollande apresentou as duas propostas dias depois dos ataques terroristas de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos.
Os oponentes da medida dizem que ela não poderia ser aplicada a cidadãos franceses, já que pela legislação internacional ninguém pode ficar sem nenhuma cidadania. Com isso, seriam criadas duas classes de cidadãos: pessoas com duas nacionalidades que poderiam perder a cidadania francesa e cidadãos franceses que não teriam como perdê-la.
O mesmo projeto de lei pretendia alterar o estado de emergência na constituição francesa para adaptá-la para ameaças de longo prazo. Pela lei atual, de 1955, o estado de emergência dura 12 dias e pode ser estendido por um período indefinido por meio de voto do Parlamento.
“A ameaça continua maior do que nunca”, disse Hollande, acrescentando que está comprometido a “garantir a segurança do país e proteger a França do terrorismo”. O estado de emergência foi declarado na noite de 13 de novembro e recentemente foi estendido até 26 de maio. A medida amplia alguns poderes da polícia para busca e prisão e limita encontros públicos, entre outras coisas.