Japão anuncia novas sanções contra a Coreia do Norte após lançamento de foguete
As sanções incluem restrições às viagens entre os dois países e uma proibição total de visitas de navios norte-coreanos para portos japoneses
atualizado
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O governo do Japão anunciou nesta quarta-feira (10/2) novas sanções contra a Coreia do Norte em resposta ao lançamento de um foguete visto como um teste de tecnologia de mísseis.
As sanções incluem restrições às viagens entre os dois países e uma proibição total de visitas de navios norte-coreanos para portos japoneses, disse o chefe de gabinete, Yoshihide Suga, em entrevista coletiva.
A proibição de entrar nos portos se estende a qualquer navio estrangeiro que irá ao Japão depois de visitar a Coreia do Norte A proibição de viagem também será ampliada para incluir qualquer estrangeiro com experiência nuclear e em mísseis que visite a Coreia do Norte. Além disso, todo o dinheiro transferido, exceto para aqueles abaixo de 100 mil ienes (US$ 880) para propósitos humanitários, será banido.“Apesar dos nossos repetidos pedidos para parar com os testes nucleares e com o desenvolvimento de mísseis, a Coreia do Norte avançou com o lançamento. Ele tem um impacto direto sobre o Japão e temos que mostrar a nossa forte determinação”, disse Suga.
O chefe de gabinete disse, no entanto, que o Japão vai manter uma porta aberta para o diálogo para resolver a questão ainda pendente de cidadãos japoneses que foram sequestrados pela Coreia do Norte décadas atrás.
Suga disse que as sanções seriam aprovadas pelo Conselho de Ministros depois e também requerem alterações legislativas no Parlamento.
Em 2014, o Japão aliviou algumas sanções anteriores sobre a Coreia do Norte em troca da seu comprometimento de investigar novamente o destino dos japoneses sequestrados.
A Coreia do Norte lançou um foguete de longo alcance no domingo (7) carregando o que os norte-coreanos chamaram de satélite de observação da Terra para o espaço. O lançamento, que veio cerca de um mês depois de um teste nuclear, foi rapidamente condenado pelo líderes mundiais como uma potencial ameaça para a segurança regional e global.
Coreia do Sul
A Coreia do Sul informou nesta quarta que irá suspender completamente as operações no complexo industrial intercoreano de Kaesong, em resposta ao teste nuclear realizado em janeiro e ao lançamento de um foguete no domingo da Coreia do Norte.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que lida com as relações intercoreanas, disse que tinha informado a Coreia do Norte da sua decisão de suspender as operações no Complexo Industrial de Kaesong, que fica ao norte da zona desmilitarizada que separa as duas Coreias.
“Provocações da Coreia do Norte são um desafio direto para a paz e a estabilidade na Península Coreana e na comunidade internacional e as suas ações são absolutamente inaceitáveis”, disse um representante do Ministério da Unificação em comunicado.
O complexo de Kaesong está localizado poucos quilômetros após a fronteira, no território norte-coreano, e possui 124 empresas sul-coreana que empregam cerca de 50 mil trabalhadores norte-coreanos. Ele foi idealizado pelos governos dos dois países nos anos 1990, e começou a ser construído em 2003 e inaugurado em 2004. Apesar de estar na Coreia do Norte, a maior parte dos investimentos em desenvolvimento vinha do vizinho do sul.
O governo sul-coreano também anunciou que intensificará a propaganda sonora na fronteira com a Coreia do Norte, que conta com alto-falantes que divulgam em volume máximo uma programação que inclui música pop, boletins informativos e mensagens de propaganda contra a Coreia do Norte.
O comunicado alertou também que o avanço da Coreia do Norte em direção a armas nucleares poderia levar outros países a reforçar sua segurança, o que poderia “até mesmo levar a um efeito dominó nuclear”.
A suspensão das operações “é a única coisa que resta dos 10 anos de tentativas para melhorar o relacionamento entre as duas Coreias”, disse John Delury, especialista em assuntos coreanos na Universidade Yonsei.
Kaesong é uma importante fonte de renda para Pyongyang, que gerou cerca de US$ 120 milhões no ano passado em salários aos trabalhadores diretamente, segundo o Ministério da Unificação.
“Parece que esses fundos não foram utilizados para preparar o caminho para a paz como a comunidade internacional esperava, mas sim para atualizar suas armas nucleares e mísseis de longo alcance”, disse o Ministério da Unificação.