Farc devolvem oito menores, após acordo com governo colombiano
O gesto humanitário ocorreu após um acordo alcançado no mês passado entre as FARC e o governo para colocar um fim em meio século de hostilidades
atualizado
Compartilhar notícia
O maior grupo rebelde da Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), entregou oito soldados menores de 18 anos para uma missão humanitária internacional, como parte de um acordo para acabar com décadas de luta sangrenta no país. A Cruz Vermelha Internacional disse em um comunicado divulgado neste sábado que os menores estavam com boa saúde e estão sendo transportados para um abrigo temporário sob a supervisão do Fundo das Nações Unidas para Crianças. Por respeito à privacidade dos menores, a Cruz Vermelha não disse onde o entrega aconteceu ou forneceu suas idades.
O gesto humanitário ocorreu após um acordo alcançado no mês passado entre as FARC e o governo para terminar meio século de hostilidades. As Farc há tempos enfrentam acusações de forçar menores a se juntar ao grupo, como forma de demonstrar sua força militar em áreas da zona rural colombiana onde é dominante. Acredita-se que entre 1975 e 2014 quase 12.000 menores tenham sido ilegalmente recrutados, segundo o procurador-geral da Colômbia.
Mas, à medida que as negociações de paz em Cuba avançaram no ano passado, os rebeldes anunciaram que estavam aumentando de 15 para 17 a idade mínima para recrutas e em maio deste ano concordaram em deixar que todos os guerrilheiros menores de 18 saíssem de seus acampamentos na selva.
A entrega não havia se materializado até agora por causa de preocupações de líderes das FARC de que os menores seriam interrogados por autoridades e os ajudariam a localizar e atacar os campos rebeldes.
Não se sabe ao certo quantos dos estimados 7 mil combatentes das Farc são menores de idade. O negociador-chefe rebelde, conhecido como Ivan Marquez, disse em maio que 21 soldados com idade inferior a 15 viviam em acampamentos da guerrilha, mas autoridades governamentais indicaram um número mais próximo de 200.
Em visita a um acampamento rebelde no mês passado, jornalistas da Associated Press encontraram vários guerrilheiros que reconheceram ter entrado no grupo rebelde como adolescentes, alguns com 14 anos. Mas todos disseram ter feito isso por vontade própria, fugindo da pobreza e da violência doméstica.
Autoridades dizem que outros menores podem ser entregues antes que as Farc comecem a desmobilização, como parte do acordo de paz. O governo prometeu reunir as crianças às suas famílias quando possível e a lhes proporcionar assistência psicológica para facilitar sua transição de volta à vida civil.