Em ato inédito, EUA se abstêm em resolução que condena embargo a Cuba
Assembleia-Geral da ONU deve aprovar repúdio a medida, ato simbólico que não tem valor legal sobre a punição a Havana
atualizado
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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (26/10), que vão se abster pela primeira vez em 25 anos na votação de uma resolução da ONU que condena o embargo econômico a Cuba. Historicamente, a diplomacia americana se opõe à condenação, votada anualmente pelas Nações Unidas.
O anúncio foi feito pela embaixadora americana na ONU, Samantha Power, e bastante aplaudido pelos 193 membros da Assembleia-Geral. Apesar da abstenção, a diplomata lembrou que os EUA se opõem à visão de que o embargo viola a legislação internacional e ainda mantêm discordâncias com as práticas do governo cubano.
“Nós estamos profundamente preocupados com as violações de direitos humanos que o governo cubano ainda comete”, disse a embaixadora.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, elogiou a decisão americana de se abster, mas lamentou que o embargo continue. “O voto de abstenção seguramente é positivo para a melhora das relações entre nossos países”, disse. “Mas o bloqueio econômico persiste, provocando danos ao povo cubano e ao desenvolvimento do país.”
A resolução não tem valor legal, mas é votada todos os anos. A abstenção americana mostra, segundo analistas, que o governo de Barack Obama está disposto a levantar o embargo como parte da normalização das relações com a ilha. Essa decisão, no entanto, cabe ao Congresso, hoje controlado pelos republicanos. A resolução geralmente é aprovada e isso deve se repetir na votação desta quarta.