Transformação da China gera efeitos colaterais no curto prazo, diz diretora do FMI
Segundo Christine Lagarde, o país passa por um período de transformação para um patamar de crescimento menor, porém sustentável
atualizado
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A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou em discurso em Paris que a China passa por um período de transformação para um patamar de crescimento menor, porém sustentável, o que é algo positivo para todos os países. A transformação chinesa, porém, gera efeitos colaterais de curto prazo, notou Lagarde.
“A própria China embarcou em um ambicioso programa de vários anos para reequilibrar sua economia, rumo a um crescimento menor e mais sustentável. Isso é um esforço positivo que, no longo prazo, beneficiará a todos”, afirmou Lagarde. “No curto prazo, porém, esta transformação gera efeitos colaterais – através do comércio e da demanda menor por commodities e também dos canais financeiros.”
A autoridade do FMI disse que o petróleo e os metais provavelmente continuarão em patamar fraco por um período prolongado, segundo o que sugere a oferta e a demanda das commodities. Com isso, muitas economias dependentes das matérias-primas estão “sob forte estresse” e algumas de suas moedas tiveram grandes depreciações. “Nós temos visto isso na América Latina e eu vi isso em primeira mão na semana passada na Nigéria e em Camarões – dois países atingidos fortemente pelos preços mais baixos do petróleo e por fragilidades domésticas”, afirmou ela. Para solucionar isso, Lagarde apontou que é necessário que cada país enfrente suas vulnerabilidades e restrições políticas para agir.
Lagarde afirmou que, nas economias avançadas, a política monetária não pode ser a única opção para apoiar a economia, defendendo reformas estruturais e o auxílio da política fiscal para apoiar a demanda agregada e elevar o potencial de crescimento. “E as economias emergentes devem redirecionar suas economias rumo a novas fontes de crescimento.”
A diretora-gerente do FMI sugeriu que a política monetária deve continuar acomodatícia no Japão e na zona do euro. Sobre o início do aperto na política monetária dos EUA, ela avaliou que o processo ocorreu de maneira adequada, sem sobressaltos. “O ritmo da normalização do Fed deve ser gradual, baseado em evidências claras”, afirmou ela referindo-se ao Federal Reserve, o banco central norte-americano.
O discurso de Lagarde foi preparado para um evento no Banco Central da França, em Paris, e foi divulgado em comunicado pelo FMI.