Thiago Braz supera abandono e lesão para ganhar ouro no Rio 2016
O atleta brasileiro treina na Itália, é casado e foi criado pelos avós. Conheça a emocionante história desse jovem de 22 anos
atualizado
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A história do campeão olímpico Thiago Braz envolve talento e superação. Quando criança, foi abandonado pela mãe, sendo criado pelos avós. Em 2014, uma lesão no punho esquerdo assustou, mas depois de uma cirurgia, ele pode participar da histórica final, nessa segunda-feira (15/8), que lhe rendeu a primeira medalha de ouro no salto com vara masculino do Brasil.
A dor de ter sido abandonado pela mãe foi substituída pela presença forte do avô e da avó. “Todas as qualidades que tenho hoje vieram dos ensinamentos deles, que foram meus pais na realidade”, contou ao Globo Esporte. Ao lado da família, o menino de Marília (SP) começou a carreira que culminaria na vitória sobre o campeão olímpico Renaud Lavillenie.
Em 2014, Thiago se mudou para Fórmia, na Itália. Lá, ele treina em um centro de atletismo moderno, sempre ao lado do treinador ucraniano Vitaly Petrov — que tem no currículo pupilos como Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva.
Amor atlético
A vida de Thiago gira em torno dos saltos. Ele é casado há dois anos com Ana Paula Oliveira, que é atleta de salto em altura — porém, ela não conseguiu índice para disputar os Jogos Rio 2016. Os dois se conheceram no mundo do atletismo e também compartilham forte devoção religiosa.
Apoio premiado
No Brasil, Thiago treinava com Elson Miranda, técnico e marido da também campeã olímpica Fabiana Murer. Ao trocar Marília pela Itália, o jovem contou com o apoio da colega brasileira para se estabelecer na Europa.
Agradecimentos
Na hora de celebrar o maior feito de sua carreira, Thiago Braz ressaltou a importância da família nos momentos difíceis. Ele comentou a declaração da avó, que prometeu umas palmadas caso não saltasse direito.
Ela me ajudou muito nessa batalha, na nossa trajetória, é uma pessoa muito abençoada. Imagina chegar em casa e levar um puxão de orelha? É uma coisa que ninguém quer. Eu a amo muito
Thiago Braz
O quarto colocado no ranking mundial também lembrou o lado espiritual. “Eu, dentro de mim mesmo, agradeço muito a Deus por tudo, por esse momento. É uma oportunidade incrível, onde todos me deram oportunidades de fazer meu melhor. Acho que as pessoas acreditaram em mim, e estavam do meu lado me apoiando e isso para mim é uma satisfação imensa. Poder completar uma prova com recorde pessoal e recorde olímpico, ganhando medalha de ouro. É uma coisa inexplicável”, afirmou.
Recorde olímpico
O brasileiro saltou 6,03 metros e, além de obter a melhor marca de sua carreira, cravou o novo recorde olímpico, transformando o estádio no palco da primeira grande conquista do atletismo nos últimos oito anos.
A última medalha do Brasil no atletismo havia sido o ouro de Maurren Maggi, no salto em distância nos Jogos de Pequim-2008. “É campeão”, gritavam os torcedores no Engenhão. Emocionado, o brasileiro desfilou com a bandeira brasileira.
O brasileiro travou uma disputa eletrizante com o francês Renaud Lavillenie, campeão olímpico e recordista mundial. Em sua última tentativa, Braz superou a marca de 6,03m e deixou o rival pressionado. Sob forte pressão da torcida, o francês não conseguiu superar a marca do brasileiro. Pertencia a ele o recorde olímpico, de 5,97 metros, registrado em Londres, onde faturou o ouro há quatro anos.
Os torcedores novamente se comportaram como se estivessem diante de um jogo de futebol. O francês era o rival e, mesmo contrariando a ética desportiva, foi vaiado. Em sua última tentativa, o francês, pouco antes de saltar, fez o sinal de negativo, reprovando a atitude. “Vamos respeitar a concentração dos atletas independente de sua nacionalidade”, pediu o locutor.
No final da prova, a exemplo do brasileiro, o francês Lavillenie (5,95m) e o norte-americano Sam Kendriks (5,85m) também desfilaram com as bandeiras de seus países. Decepcionados, os franceses não acreditavam, pois esperavam o bicampeonato olímpico.
O brasileiro teve uma grande noite. No primeiro salto, ele conseguiu superar 5,65m com facilidade, logo na primeira tentativa. Nessa altura, muitos atletas já ficam pelo caminho. Caso do argentino German Chiaraviglio, do grego Konstadinos Filippidis e do checo Michal Balner, campeão mundial em 2015. No final, a vitória com a marca inédita de 6,03m sobre o campeão olímpico.
Até então, Braz tinha como melhor marca da vida o 5,92 metros, que era o recorde sul-americano, obtido no ano passado. Porém, também registrara 5,93m em competição indoor, neste ano.
A conquista do saltador marca a nona medalha do Brasil nos Jogos do Rio-2016, sem contar a do boxeador Robson Conceição, que já tem garantida a prata – pode conquistar o ouro nesta terça(16) Também não leva em conta o pódio assegurado no vôlei de praia feminino, uma vez que as duas duplas estão na semifinal, o que garante ao menos o bronze. (Com informações da Agência Estado)