Peça “Azul da Prússia” rememora o cotidiano da ditadura militar
Alexandre Ribondi, ator, diretor e autor, inspirou-se na atual turbulência política brasileira para a montagem que estreia nesta sexta (20)
atualizado
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Um morador de rua conversa com um jovem perdido. O ambiente: uma noite numa parada de ônibus qualquer de Brasília. O assunto: memórias da ditadura militar. Assim funciona “Azul da Prússia”, nova peça do ator e diretor Alexandre Ribondi, que estreia nesta sexta-feira (20/1) no Teatro Brasília Shopping.
Ribondi, também autor do espetáculo, afirma que se inspirou na atual turbulência política brasileira para resgatar as dores e os horrores promovidos enquanto os militares estiveram no poder. “Como estamos vivendo momentos de muita incerteza no país, é importante voltar a falar dos anos 1960 e 1970 na história brasileira”, disse.
Opção pela poesia
Apesar disso, a peça não faz uso do discurso panfletário, preferindo utilizar a poética como forma de denúncia. “Quase ninguém para pra pensar, mas o mais atroz da ditadura é o dia a dia. É cada dia. Cada olhar de rabo de olho na rua, cada carro de polícia que passa. Isso é muito difícil”, diz um dos personagens enquanto lê um diário durante a peça.
O nome do espetáculo diz respeito ao ácido cianídrico, que é altamente tóxico e possui um tom de azul inexistente na natureza. O elemento foi utilizado como arma química na Primeira Guerra Mundial e nas câmaras de gás dos campos de concentração da Alemanha durante a Segunda Guerra. “Aqui, uso a cor para falar dos lábios de pessoas mortas”, declara Ribondi.
No espetáculo, o autor, diretor e autor divide o palco com Matheus Silva, ator com quem trabalha há cinco anos. Eles estiveram juntos em montagens como “O Colecionador de Pombos” e o recente “Um Jantar com Caim”.
Azul da Prússia
De 20/1 (sexta) a 29/1 (domingo). Sexta a domingo, sempre às 20h. No Teatro Brasília Shopping (W3 Norte, 2109-2122). Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). A bilheteria abre 2 horas antes do início do espetáculo. Não recomendado para menores de 12 anos.