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Estreando nova peça, Alexandre Ribondi se reafirma como um dos artistas mais produtivos da cena local

Em “Depois Desse Dia Feliz”, ele aparece como autor e ator, contracenando com Rafael Salmona, sob direção de Abaetê Queiróz

atualizado

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Diego Bresani/Divulgação
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Observador sagaz do cotidiano, Alexandre Ribondi consegue tirar humor e poesia dos fatos cotidianos mais banais. Esses dois ingredientes estão presentes, juntos ou separados, em tudo que ele escreve. Sejam os posts com que presenteia quase que diariamente seus seguidores nas redes sociais, sejam os textos teatrais que ele leva aos palcos brasilienses desde os anos 1980.

Sim, são mais de quatro décadas de sucessivas temporadas, como autor, ator e diretor de comédias e dramas, o que torna assistir pelo menos a uma peça de Ribondi algo tão obrigatório para um autêntico brasiliense quanto caminhar no Parque da Cidade ou experimentar o pastel da Viçosa. O seu nome se faz tão presente no roteiro teatral da capital, que nem as eventuais temporadas que passa em Porto, Portugal, cidade que adora, o afastam daqui.


“Crêpe Suzette” e jornalismo
Para se ter ideia, em 1980, numa Brasília bem menos habitada que a de hoje, Ribondi conseguiu manter em cartaz por meses e meses a peça “Crêpe Suzette, o Beijo da Grapette”, no antigo Teatro da ABO, no fim da L2 Sul. O texto foi um dos primeiros do gênero besteirol, que ganhou força ao longo da década.

Ao mesmo tempo em que começava a exercer múltiplas funções no teatro, o capixaba de Mimoso do Sul, radicado em Brasília desde 1968, fazia jornalismo na Universidade de Brasília. Atuou até os anos 1990 como repórter e cronista do Correio Braziliense, mas ganhou popularidade mesmo com o trabalho no palco.

Não sei quantas peças tenho, sinceramente. Umas 40, talvez. Algumas de que me orgulho (e que as outras não me ouçam) são ‘Crêpe Suzette, o Beijo da Grapette’; ‘Cru’, que considero ter um bom acabamento dramático; e “A Última Vida de um Gato”, atualmente em excursão nacional com Dedé Santana e Felipe Cunha. Acho que ‘Depois Desse Dia Feliz’ também está nesse rol

Alexandre Ribondi, ator e dramaturgo

Da comédia ao drama
Depois Desse Dia Feliz” é o mais recente espetáculo de Alexandre Ribondi. Estreia na Sala Adolfo Celi da Casa D’Itália (207/208 Sul) nesta sexta (19/2) e fica em cartaz até o próximo dia 28. Desta vez, ele abre mão da direção, a cargo de Abaetê Queiróz, com quem tem feito uma produtiva parceria –estiveram juntos em “Luz Intrusa”, “Virilhas” e “Papo de Homem”, por exemplo.

O texto “semi-inédito” (à época em que foi escrito, há uns 10 anos, teve apenas uma leitura dramática na Funarte, com Artur Tadeu Curado e Sérgio Fidalgo) é um drama intimista (e poético), como tem sido a maioria das peças que Alexandre Ribondi vem apresentando ultimamente.

“Sempre fui um contador de piadas no palco. Mas sempre desconfiei que gostaria dos dramas. Comecei escrevendo alguns. E, de uns tempos pra cá, tenho subido ao palco com peças mais introspectivas, mais dramáticas. Estou aprendendo e gostando”, ele diz.

Com Rafael Salmona no novo espetáculo, em cartaz até o dia 28/2 *Diego Bresani/Divulgação*


Dois homens na sala
Na nova peça, um homem mais velho (Ribondi) resolve escrever uma carta a alguém que ele sabe que existe, mas que nunca viu, e com quem nunca conversou. A carta tem um convite sucinto: “Venha”. O outro (Rafael Salmona) aceita o convite, sem ter ideia do que se trata. Esse encontro dá origem a um diálogo que se estende por 70 minutos de peça.

É um alívio não ter tanta responsabilidade sobre os detalhes da montagem. Sou (apenas) um ator nesse espetáculo. Só são necessárias certas atenções: se o diretor quiser cortar ou alterar algumas falas do texto que é seu, relaxe e deixe. Resista à grande tentação de não dar palpites na direção. E não entre em sofrimento só porque você tem diante de si a trágica missão de decorar falas e falas.

Teatro independente
Uma coisa que chama a atenção no trabalho de Alexandre Ribondi é a independência com que leva suas montagens ao palco, ao contrário de atores/diretores que condicionam a realização aos fundos de apoio e patrocínios. Aliás, um dos orgulhos do artista é não ter nenhuma outra fonte de renda que não seja o teatro.

“Uma vez uma atriz me perguntou qual era o meu segredo para ficar mais de mês em cartaz. Respondi que o segredo é montar sem dinheiro, usar figurino pessoal, com acréscimo de alguns detalhes, tirar os móveis de casa e por no palco (tenho uma geladeira, inclusive, que já foi atriz), alugar um teatro e arriscar. Não é possível ser eternamente refém de editais, mesmo que, quando existem, cheguem a ser apetitosos”, afirma.

9788579340734Apetite, aliás, é o que não falta a Ribondi quando surgem oportunidades de se envolver em projetos nos quais possa aplicar sua criatividade e disposição — que mantém a todo vapor, aos 63 anos.

Tudo ao mesmo mesmo tempo
Por esses dias mesmo, esteve ensaiando “Depois Desse Dia Feliz”, escrevendo um roteiro de longa-metragem encomendado por uma produtora, formando novos atores em suas oficinas e se preparando para, ao lado da atriz Iara Pietricovski e outras oito pessoas, gravar 12 episódios de um projeto para vídeo chamado “Direitos Humanos em 2 Minutos” — a gravação começa na próxima semana.. 

E depois que a peça tiver sido apresentada e os vídeos gravados, ele começa um trabalho teatral com jovens homossexuais da Cidade Estrutural, para o qual conseguiu subsídios. Ao mesmo tempo, estará ocupado com a divulgação de seu novo romance “Felicidade Invisível”, que sai em março, pela editora paulista Parábola.

E mesmo com tanta coisa em que pensar, novas montagens não ficam de fora, óbvio. Em março, Alexandre Ribondi volta a encenar seu texto “Virilhas” — que já teve diferentes versões nos palcos. “De resto, é trabalhar muito, todos os dias, ter ideias constantes. E pagar as contas!”, conclui.

“Depois Desse Dia Feliz”
De 19/2 a 28/2, de sexta a domingo. Sextas e sábados às 21h e domingos às 20h. No Teatro Goldoni – Sala Adolfo Celi (208/209 Sul – Entrada pelo eixo L – Casa d’Italia, 3443-0606). Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). À venda na bilheteria do teatro. Não recomendado para menores de 14 anos.

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