Para Marcelo D2, será fácil se dividir entre o Planet Hemp e a carreira solo

Marcelo D2 está “feliz pra caramba” com o retorno do Planet Hemp — formado por ele, BNegão, Pedrinho e Formigão. A banda se separou em 2003, mas em 2012 fez uma pequena turnê e, no ano passado, voltou com tudo.  Mas, para o cantor, tocar as músicas antigas numa turnê será um processo natural. “Pra quem tem quatro filhos, conciliar a carreira solo com a do Planet será fácil”, constata, aos risos.

No entanto, é outro o motivo da entrevista, feita por meio de um hangout (plataforma que permite bate-papo por texto, áudio ou vídeo) no YouTube. Além da turnê com o grupo, D2 lança o DVD “Nada Pode me Parar – Ao Vivo”. Gravado há exatos dois anos — nos dias 31/1 e 1/2 de 2014, no Áudio Club SP –, o projeto é um apanhado de sucessos de D2, como “Qual É?”, “Desabafo” e “Mantenha o Respeito II”.

“É um show completo, com composições de todos os meus discos. Mas o tempo entre a gravação e o lançamento foi longo e desgastante. Aprendi: vou gravar meu próximo DVD durante a turnê e lançá-lo no fim da viagem. Assim, quem assistiu e curtiu pode ter um registro para ver em casa”, explica D2,  atualmente ocupado também com a criação de músicas para o próximo CD solo.

Quando comecei a samplear samba, muita gente falou mal, dizendo que eu não falava da cultura negra, e sim de maconha, essas coisas. O caminho para o gênero chegar às multidões era esse. Falavam que o rap era letra, mas ele também é timbre. Ele cresceu e, hoje, quem está no topo, nacionalmente, tem uma bagagem, como o Criolo e o Emicida

Marcelo D2

Algumas cenas incluídas no DVD foram gravadas pelo público com smartphones. “A ideia veio durante a passagem de som. Toda apresentação é a mesma coisa: todo mundo com o celular na mão, gravando. Isso irritava um pouco toda a equipe. Foi quando surgiu a sugestão de usar a situação a nosso favor. Queria muito que o público participasse do show intensamente”

O projeto contou com participações de Thaíde (“Eu Tive Um Sonho”), Sain (“Eu Já Sabia”), Renato Venom (“CB [Sangue bom]”) e Shock, Batoré e Akira Presidente (“Fella”). BNegão, com quem D2 ficou quase 10 anos sem falar, canta em “Stab” e “Contexto”. “O tempo que ficamos distantes é um dos maiores arrependimentos da minha vida. Em 2010, a gente voltou a conversar e foi maneiro pra caramba”.

“País de direita”
Na entrevista, o músico carioca também lembrou o início da carreira. “O rap nacional mudou nesses 20 anos. Quando comecei, queria fazer igual ao Public Enemy (grupo de rap norte-americano), mas quando conheci o (DJ) Nuts, entre outros caras, a gente percebeu que, para ter uma identidade, o negócio era samplear música brasileira. Foi um caminho natural”, disse.

Sobre o atual cenário político-social brasileiro, o carioca não poupou críticas. “O Brasil é um país muito de direita. Nunca houve uma bancada tão reacionária como esta. Existe o discurso que tem que matar bandido, pobre e maconheiro”, disparou

Assista ao teaser do DVD: