Guns N’ Roses enfileira hits em domingo chuvoso no Mané Garrincha
Com quase três horas de duração, Axl Rose e Slash tocaram sucessos no último show da turnê “Not In This Lifetime” realizado no Brasil
atualizado
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Já faz parte do charme do Guns N’ Roses atrasar um pouco para entrar no palco. Esse “um pouco”, para ser mais exato, durou 62 minutos. Foi assim na noite deste domingo (20/11), no Estádio Nacional Mané Garrincha. A atmosfera abafada e com céu nublado parecia apropriada para receber Axl Rose, Slash e Duff McKagan, reunidos após 20 anos de separação nesta turnê “Not In This Lifetime”.
Pois o último show da passagem pelo Brasil não poderia passar sem uma bela de uma chuva, é claro. Uma chuva de novembro bem apropriada para a banda autora do hit “November Rain”. Com poucas mudanças em relação ao repertório tocado em outras capitais brasileiras, o Guns iniciou seu roteiro com as usuais “It’s So Easy”, “Mr. Browstone”e “Chinese Democracy”.
A noite começou calorenta e, aos poucos, se revelou chuvosa. Showman cinquentão, mas vibrante, Axl despertou o público de vez na quarta música, com um dos hits absolutos da formação: “Welcome to the Jungle”. As gotas começaram a cair pesadamente às 21h23, fazendo uma cortina de água entre o público e o sempre elegante e contido Slash, totalmente concentrado na guitarra.
A pirotecnia esquentou o clima no cover de “Live and Let Die” (Paul McCartney and the Wings), uma das várias versões que o Guns adora tocar. Axl mostrou alguma dificuldade nos agudos de “Rocket Queen”, mas nada que tenha alarmado os fãs.
O miolo do apresentação representou uma já esperada histeria coletiva. Slash encarnou Jimi Hendrix ao dedilhar acordes de “Voodoo Child” na introdução de “Civil War”, outro tema saído da jukebox da banda. Axl apresentou o grupo antes de “Coma” e, duas canções depois, conquistou a plateia de vez na infalível “Sweet Child O’ Mine”.
Daí em diante, o Guns encarnou de vez a vibe retrô (e um pouco cafona, vá lá) anos 1990 que corre pelas veias do grupo. Com seu modelito de sempre — trajes de couro, tênis All Star e cartola –, Slash fez um genuíno duelo de guitar hero com seu colega de banda Richard Fortus, o “outro” guitarrista da formação.
Alguns casaizinhos cruzaram olhares e braços durante “November Rain”, sob a óbvia forte chuva de novembro. O clima romântico continuou em “Knockin’ on Heaven’s Door”, a música que ao longo das décadas já parece mais do Guns do que do compositor Bob Dylan.
Tendo trocado de camiseta aqui e ali e uma vez de chapéu, Axl durou intacto até o fim, com a camisa de flanela amarrada à cintura e a calça de design rasgado. Depois de “Nightrain”, a banda deu um breve respiro e retornou para o bis.
Axl voltou assobiando “Patience”, retomou o rock de arena em “The Seeker”, cover do The Who, e fechou o show de 27 músicas na apoteose de “Paradise City”. Faltando 10 minutos para a meia-noite, o Guns saiu do palco com chuva de papel picado, gotas pesadas e foguetório pirotécnico.
Chegada tranquila e abertura com a Plebe Rude
Lá pelas tantas, o vocalista e guitarrista Philippe Seabra celebrou a experiência da banda e deu um recado. “Estamos passando a bandeira do rock de Brasília para a Scalene, que ganhou o Grammy Latino (de melhor álbum de rock em português)”, disse. Por fim, deixou uma tirada irônica.
“Fomos indicados uma vez e perdemos para o Caetano (Veloso) na categoria rock. Alguém vai ter que me explicar isso”, brincou.
Por volta das 18h, os roqueiros da capital que optaram por chegar cedo conseguiram entrar no estádio sem enfrentar filas.
Preços altos
As bebidas oferecidas dentro do Mané Garrincha não mostraram preços atrativos. Refrigerante e água custaram R$ 10. A cerveja (Budweiser lata) saiu por R$ 13 e o energético, R$ 15. A Skol Senses foi vendida a R$ 18.
Colaboraram Luiz Prisco e Priscilla Borges