Djavan mostra um lado mais pop no novo disco, “Vidas pra Contar”
Em 12 faixas, o cantor e compositor alagoano apresenta um disco versátil, que também passa pelo xote, jazz e MPB
atualizado
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Djavan é um artista que tem o dom da palavra. São 40 anos de carreira de uma produção consistente, marcada por um fato curioso: suas músicas e letras aparentam ser semelhantes… mas nunca são iguais. Na realidade, essa semelhança comprova que as canções conversam entre si, fazendo do trabalho do artista um jogo de composições e melodias complexos e sempre harmonizados.
Prova disso é o novo trabalho, “Vidas pra Contar”. Se no anterior, “Rua dos Amores” (2012), o cantor alagoano montou um repertório essencialmente romântico e fundado na MPB, desta vez ele se volta ao pop — como já foi visto e ouvido em “Bicho Solto” (1998) e “Na Pista” (2005).
A diferença é que, agora, Djavan resgata as memórias mais afetivas, como é possível perceber logo na primeira faixa, “Vida Nordestina”. Aqui, em que ele faz um xote, aparece inspirado nas referências de Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga e Zé Dantas. O jazz (ou jázz, como diria Djavan) é bem representado por duas canções: “Enguiçado” e “Se Não Vira Jazz”. Em ambas, os acordes vêm com força de balada, fazendo jus ao clima do álbum.
Outra canção que merece atenção é “Não É um Bolero”. Conhecida do público desde o início de outubro (ela foi lançada como single), a música confirma o título, deixando harmonias suficientes para lembrar as (várias) raízes da canção.
O bolero é uma das heranças deixadas por Dona Virgínia, mãe de Djavan. Em diversas entrevistas, o artista fez questão de lembrar que o canto de Ângela Maria e Dolores Duran chegou até ele por causa dela, fã das duas. A mãe também é lembrada em “Dona do Horizonte”, uma das 12 faixas do disco, totalmente autoral.
“Vidas Pra Contar”
Djavan
Luanda Records/Sony, 12 faixas. Preço médio: R$ 24,90. Ouça.
Veja vídeo da música “Não é um Bolero”: