Escritor relaciona políticos em personagens de Shakespeare
Theófilo Silva dá palestras relacionando as histórias ficcionais a questões que envolvem o poder público. Ao Metrópoles, ele indica políticos que poderiam muito bem ser personagens criados pelo dramaturgo inglês, como Temer, Dilma, Aécio e Rollemberg
atualizado
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Nascido em Fortaleza, Theófilo Silva teve o primeiro contato com as obras de William Shakespeare quando estudava literatura pela Universidade Federal do Ceará. Estava com 20 anos quando leu a primeira peça do dramaturgo inglês. “Depois que li algumas obras, percebi que ele continuava bastante atual e que era possível trabalhar uma série de temas em cima de suas histórias”, explica.
Em 2001, mudou-se para Brasília com o objetivo de expandir seu campo de atuação. Porém, em vez de seguir a carreira acadêmica, apostou na criação de artigos para a imprensa e organização de palestras sobre política, sem nunca se afastar da sua paixão pela literatura. A ideia deu certo.
As intrigas de Shakespeare são tão complexas quanto o nosso cenário político. Suas palavras são e sempre serão atuais
Theófilo Silva
Hoje, aos 53 anos, Theófilo presta consultoria política. Ao menos três vezes por mês, é convidado para dar palestras (pelas quais pode cobrar até R$ 6 mil reais) em escolas, universidades, empresas privadas e órgãos públicos. Nelas, Theófilo aborda a questão do poder no cenário político utilizando sempre as obras literárias de Shakespeare como referência.
Em uma recente conferência na Câmara Legislativa do Distrito Federal, por exemplo, ele falou sobre a corrupção utilizando a narrativa de “Hamlet”, a importância do Estado de direito por meio de “Medida por Medida” e a manipulação das massas a partir de “Marco Antonio”.
Cunha seria o Macbeth
Em um de seus artigos, o escritor Theófilo Silva afirma que “o deputado Eduardo Cunha é um vilão shakespeariano”. Para ele, o político é uma figura ambiciosa e sem regras morais, como muitos outros personagens criados pelo dramaturgo inglês, que completou 400 anos de morte em 2016.
Teófilo associa o presidente afastado da Câmara a Macbeth, um dos personagens mais emblemáticos da literatura shakespeariana. “Depois que as bruxas prognosticaram que o barão Macbeth seria rei da Escócia, ele, em combinação com a mulher, cheios de ambição, resolvem matar o bondoso rei Duncan, que se hospedara em seu Castelo. Feito o ato, Macbeth é coroado rei. Daí pra frente, dotado de prepotência e crueldade, cria uma rede de espiões, e passa a matar todos aqueles que estão em seu caminho”, conta.
Guardadas as devidas proporções, não é difícil relacionar a história com os últimos atos que colocaram Eduardo Cunha no centro da política nacional. Além disso, lendo somente esse trecho, pode-se afirmar que Claudia Cruz, a mulher do peemedebista e ré em ação penal na Operação Lava Jato, poderia ser encaixada com facilidade no papel de Lady Macbeth.
Realidade digna de ficção
Entre os anos 2007 e 2012, Theófilo Silva alimentou o “Blog do Moreno”, no site do jornal “O Globo”. Hoje, mantém seu próprio site e trabalha também na elaboração de livros de ensaios. Em sua última obra, “Shakespeare Indignado” (R$ 30, Editora Stephanie), publicada em 2012, ele apresenta uma série de artigos em que constrói um vínculo entre a literatura e a política brasiliense.
Theófilo listou, com exclusividade para o Metrópoles, alguns políticos do cenário nacional que poderiam ser personagens escritos por Shakespeare.
Theófilo também relacionou quatro políticos do Distrito Federal a personagens do escritor inglês. Conheça-os: