SP-Arte: muito mais do que uma feira, uma experiência artística viva
Durante os quatro dias de evento, a capital paulista recebe 180 espaços dedicados às artes plásticas
atualizado
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Enviada Especial — A SP-Arte é conhecida como a principal feira do gênero da América Latina. Porém, ela é muito mais que isso. Durante quatro dias, a capital paulista vive uma verdadeira experiência artística. Centralizado no prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera, o evento ocupa 180 pontos da cidade, com exposições, instalações, performances e eventos.
O público da feira tem perfil diversificado. Pelos 130 estandes, passeiam colecionadores interessados em aumentar suas coleções, artistas de olho em tendências, admiradores das artes plásticas e famílias em busca de um programa cultural.
Pelos andares e corredores curvilíneos do prédio desenhado por Oscar Niemeyer, a exposição se espalha. No térreo, estão as galerias de arte moderna, como a Almeida & Dale, e aquelas do mercado secundário — que revendem as peças. Por lá, também estão expostas obras do século 20, como trabalhos de Alfredo Volpi, Antônio Bandeira e Sérgio Camargo. Quadros que podem chegar a R$ 11 milhões.
Subindo a rampa, no primeiro andar, a paisagem é dominada pelas galerias de arte contemporânea brasileiras e estrangeiras. O visitante pode se deliciar nas nacionais Luisa Strina, pioneira do mercado paulista; Fortes D’Aloia & Gabriel, representante de estrelas do porte de Beatriz Milhazes, Zerbini e Adriana Varejão; Nara Roesler, com obras de Vik Muniz e Daniel Senise; e Mendes Wood, relativamente nova, mas responsável pelos trabalhos de Sonia Gomes — a única brasileira a marcar presença na última Bienal de Veneza.
Entre os nomes internacionais, o destaque fica com a David Zwirner. A galeria nova-iorquina apostou, na década de 1970, em Dan Flavin e Donald Judd — importantes nomes da arte minimalista. A inglesa White Cube trouxe peças de Damien Hirst, conhecido por seus trabalhos com animais, como a instalação com tubarão e zebra colocados inteiros em um aquário embebidos em formol.
Para São Paulo, a galeria trouxe uma tela da série “Butterflies”, com borboletas empalhadas, que dá continuação à obsessão de Damien com a taxidermia (técnica de preservação e estudo de animais mortos). O observador fica com uma sensação mais leve. Certamente, menos mórbida do que a gerada pela zebra dentro de um aquário de formol.
No final do corredor do primeiro andar, um barulho estranho chama atenção de quem passa. O local abriga a performance Ratsrepus, do fotógrafo Fabiano Rodrigues. Ele convida o skatista profissional Akira Shiroma a participar de um experimento de interferência no universo do skate, em que a identidade do esportista é apagada.
O segundo e último andar reserva stands de móveis e abriga belas peças, como as desenhadas pelos irmãos Campana — artistas brasileiros premiados e conhecidos mundialmente. O designer polonês-brasileiro Jorge Zalszupin, um pioneiro das curvas e das artes brasileiras, também marca presença.
Ainda no segundo andar, encontra-se um espaço dedicado à exposição do curador Marcelo Dantas, que apresenta a Japan House: cinco galerias nipônicas exploram a arte do país asiático. Vale a pena ver a abóbora de Yayoi Kusama, a artista japonesa que o brasiliense pôde conferir em 2014, no Centro Cultural Banco do Brasil.
A experiência ofertada pela SP-Arte agrada amadores e experts do mercado artístico. O visitante pode entrar como uma tela branca, mas, depois de tantas imagens, palestras e visitas guiadas, sairá cheio de cores, camadas e ideias.