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Christus Nóbrega participa de intercâmbio na China

Depois de ir ao Acre em busca de matéria-prima para seu trabalho, o artista plástico e professor da UnB vai trocar ideias sobre arte com os chineses

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Marx Lamare/Divulgação.
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Christus Nóbrega está tendo aulas de mandarim. Diariamente, uma hora por vez. Por ser artista plástico, ele acredita que o aprendizado vem sendo mais fácil do que o imaginado. Logo percebeu que os ideogramas funcionam como jogos de imagens. Então, mais do que apenas aprender a se comunicar no trivial, o curso feito por FaceTime com um professor de Pequim tem servido para Christus começar a entender um outro jeito de pensar, de enxergar o mundo.

A China vista daqui do Planalto Central, afinal, ainda não é muito mais do que um gigante vermelho, um amontoado de clichês, alguns indicadores econômicos e algumas manchetes do noticiário internacional.

Para ampliar afinidades entre ambas as partes, Christus Nóbrega recebeu do Itamaraty, há três meses, o convite para tomar parte de um intercâmbio artístico entre profissionais do Brasil e da China. Ele viaja para Pequim em 12 de outubro e permanece por lá até 10 de dezembro. Nesse meio tempo, frequentará a Central Academy of Fine Arts (CAFA), prestigioso centro acadêmico estatal, no coração da capital chinesa. Ali ficará hospedado, terá aulas e também poderá expor um pouco de seu trabalho.

Artista plástico paraibano, radicado em Brasília há onze anos, Christus Nóbrega, 38, vem desenvolvendo trabalho na cena local em diferentes níveis. Enquanto mantém uma prolífica produção autoral (está em cartaz atualmente no GPS Lounge, no Shopping Iguatemi), ele se desdobra como curador e, principalmente, como professor da Universidade de Brasília.

Christus Nóbrega durante viagem pelo interior do Acre, de onde trouxe diferentes espécies de folhas, que foram submetidas a sofisticadas técnicas de impressão
Christus Nóbrega durante viagem pelo interior do Acre, de onde trouxe diferentes espécies de folhas, que foram submetidas a sofisticadas técnicas de impressão


Ideias na bagagem
“A arte, para mim, é um subterfúgio para estar em contato com outras pessoas e conhecer outros lugares”, explica Christus Nóbrega. O espírito de professor faz com que tenha o instinto de logo procurar saber mais sobre os lugares para onde viaja. Apenas cuida para que um excesso de teoria não atrapalhe a prática da observação. “Já estou lendo sobre a China, mas quero guardar um pouco de maravilhamento para quando estiver lá. Quero poder agir como um turista e poder enxergar melhor, estar aberto para os pequenos encantamentos do banal, do corriqueiro.”

Christus Nóbrega costuma voltar de suas viagens carregado de imagens e de ideias. Uma temporada no Acre, no ano passado, até hoje lhe rende frutos. Ele trouxe da Amazônia diferentes espécies de folhas, que foram parar em uma série de trabalhos com sofisticadas técnicas de impressão. Antes disso, um giro pelo interior da Paraíba serviu para que escrevesse um livro sobre as rendeiras nordestinas (“Renda Renascença”, de 2006) e alimentasse um interesse permanente em bordados.

“Já estou lendo sobre a China, mas quero guardar um pouco de maravilhamento para quando estiver lá. Quero poder agir como um turista e poder enxergar melhor, estar aberto para os pequenos encantamentos do banal, do corriqueiro”

Ainda não sabe como a viagem à China se refletirá em sua obra. Mas já enxerga pontos naturais (e inconscientes) de contato. Por exemplo, as dobraduras de papel que rompem a bidimensionalidade de algumas de suas mais recentes gravuras remetem diretamente aos origamis. E, afinal, foram os chineses que inventaram o papel e as ancestrais técnicas de impressão, não?

A cultura é uma ponte muito mais forte e duradoura que os parceiros comerciais, os Brics ocasionais. Pensando nisso, Christus Nóbrega espera que sua experiência asiática não se esgote naqueles dois meses protocolares. “Seria muito pouco”, admite. “Espero que a viagem, ao contrário, sirva para abrir portas e possa ajudar a promover uma troca de conhecimentos entre Brasília e Pequim.” Que já nem soam tão distantes assim.

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