Brasília recebe pela primeira vez uma mostra de Marianne Peretti
A criadora dos vitrais da Catedral de Brasília terá mais de 30 de suas obras reunidas em exposição que abre na terça (5/4), no Museu Nacional da República
atualizado
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A obra da artista franco-brasileira Marianne Peretti ganha pela primeira vez uma exposição de grande porte em Brasília. Com abertura marcada para a próxima terça (5/4), “A Arte Monumental de Marianne Peretti” reunirá no Museu Nacional da República mais de 30 trabalhos assinados por ela, entre projetos em tamanho real, esculturas de grandes proporções e projeções de vitrais.
A trajetória de Marianne nas artes plásticas ao longo de mais de seis décadas, por si só, justificaria a visita à exposição. Mas outro fato torna o evento ainda mais especial: as marcas deixadas pela artista na história e nos monumentos de Brasília. Ela foi a única mulher a integrar a equipe do arquiteto Oscar Niemeyer na construção da nova capital.
As mais emblemáticas dessas marcas são os vitrais da Catedral de Brasília. Mas também são criação da artista o vitral e a escultura na fachada lateral do Panteão da Pátria e da Liberdade (na Praça dos Três Poderes), a escultura de bronze no foyer da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional e o vitral visto no interior do Memorial JK.
Vitrais e painéis da artista também estão na Câmara dos Deputados, no Palácio do Jaburu e no Superior Tribunal de Justiça. Agora, os moradores da cidade terão chance de conhecer uma mostra muito mais ampla da obra de Marianne Peretti. A exposição traz criações de grande, médio e pequeno formatos, incluindo esculturas, painéis escultóricos, vitrais e objetos de design.
Aos 87 anos, Marianne continua produzindo em seu ateliê em Olinda. Um dos destaques da mostra é justamente uma obra recente, o painel de ferro branco laqueado “Árvore da Vida”, com 12m x 6m. Também integra a seleção — que teve curadoria de Laurindo Pontes, Roberto Ghione e Tactiana Braga — um enorme painel escultórico em vitral, com 2,80m x 10m, que faz parte do acervo do Senado Federal.
O Brasil devia a Marianne uma exposição dessa magnitude. O valor artístico e histórico do trabalho dela é, nos dias de hoje, reconhecido internacionalmente. Essa exposição vem coroar um projeto de resgate da sua obra que é o Documento Marianne Peretti, com livro, debates e um documentário
Tactiana Braga, curadora
Marianne Peretti nasceu em Paris, de mãe francesa e pai pernambucano. Ainda na França, estudou na École des Arts Decoratifs e na Academie de la Grande Chaumière (Montparnasse). Logo começou a trabalhar em ilustrações de livros e revistas. Fez então seu primeiro vitral, para a Câmara Sindical de Eletricidade, no Boulevard Voltaire, em Paris.
A partir daí, produziu uma obra considerável em arte integrada à arquitetura, escultura, vitrais, design de objetos e mobiliário, ilustrações de livros e desenhos. Além do trabalho com Niemeyer, participou de projetos de outros arquitetos em vários estados do Brasil e países da Europa, como a Itália e França. Há 30 anos mora e trabalha em Olinda, onde mantém seu ateliê.
De 6/3 a 5/6. Terça a sexta, das 9h às 18h30. No Museu Nacional da República (Conjunto Cultural da República, Esplanada dos Ministérios). Entrada franca. Classificação indicativa livre.