Alfinete Galeria abre mostras de Cecília Bona e João Angelini
O espaço da 116 Norte apresenta, até 19 de dezembro, trabalhos recentes dos dois artistas da cidade, em diferentes suportes
atualizado
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Dois artistas brasilienses que se exercitam em diferentes suportes, Cecília Bona e João Angelini, dão conta de sua versatilidade nas mostras que a Alfinete Galeria abre neste sábado (14/11), às 18h..
Na Sala A, Cecília Bona apresenta “Terreno Instável”, um apanhado de lembranças, impressões e registros ao longo de uma temporada no interior da Islândia em maio passado. Fascinada pela luz e pelos efeitos dos raios luminosos nos objetos, Cecília se inscreveu para uma residência artística e viajou até lá atraída pela perspectiva de dias longuíssimos.
De fato, durante a primavera islandesa, um dia tem até 22 horas de sol, sob uma temperatura média de 3, 4 graus negativos. Mas, para surpresa dela própria, os trabalhos feitos por ali — e os que aqui foram concluídos ainda sob o impacto daquela experiência — refletem menos sobre a luz e a claridade nórdicas do que sobre os elementos visuais daquela paisagem. Cenários onde as pedras predominam, a lava endurece e os musgos são praticamente a única vegetação existente.
Assim, Cecília abre suas bagagens e expõe na Alfinete uma série de desenhos, um conjunto de vídeos (inclusive a imagem ao alto da página), uma fotografia impressa em metacrilato, um par de objetos e uma escultura.
“A Islândia é o país mais jovem, geologicamente, em todo o planeta, sua formação foi a mais recente. E você percebe isso o tempo todo, percebe isso na paisagem ao seu redor”, aponta a artista, que ainda não tinha passado pela imersão que uma residência possibilita. “Essa minha experiência de deslocamento e vivência num outro ambiente me permitiu olhar de novo para a paisagem e enxergar nela o que aqui em Brasília, em minha casa, eu já não enxergava.”
Animações em vídeo, interferência de estática
Enquanto Cecília mostra o que bolou na Islândia, João Angelini apresenta peças criadas nos últimos dois anos, após ter recebido uma bolsa de pesquisa do programa Novos Rumos, do Itaú Cultural. Dias depois de concluir sua participação na mostra coletiva dos vencedores na sede da instituição, em São Paulo, ao longo do último mês, ele agora abre esta individual.
“Entre-Quadros” traz o autor de volta à sua experiência com animação em vídeo. Linguagem que vem desenvolvendo desde sua colaboração como VJ em teatro, há 10 anos, e que agora corre em paralelo com suas atividades como pintor e desenhista – além de performer, como integrante do coletivo EmpreZa.
Pela Sala B da Alfinete Galeria, ele espalhou meia dúzia de peças. De certa forma, para Angelini, cada uma delas representa o prosseguimento intelectual e técnico de interesses anteriores. Por exemplo, a série “O Poeta e o Pornógrafo” de vídeo-instalações. Ela já pôde ser vista em algumas coletivas na cidade, como a “Situações Brasília”, que ocupou o Museu Nacional Honestino Guimarães no fim de 2014.
Aqui ela ganha mais um capítulo. A recente peça (detalhe acima) traz um par de monitores que quase se encostam. Uma bolinha de isopor fica suspensa entre as duas telas e serve para unir e amplificar os efeitos visuais que ondas de cores vermelhas e azuis provocam nos aparelhos.
De formas distintas, cada um dos demais trabalhos desta safra de João Angelini lida com essa interferência na imagem. Vale se apropriar tanto de video mapping quanto de rotoscopia ou mesmo de ruídos de estática. E cabe dizer que logo mais, em dezembro, enquanto esta exposição seguir em cartaz na Alfinete, ele vai abrir uma mostra de pinturas na Referência Galeria de Arte.
De sábado (14/11) até 19 de dezembro, na Alfinete Galeria (116 Norte, Bloco B, Loja 61; 9981-2295). De quarta a sábado, das 15h às 19h30. Entrada franca. Livre.