Dia do Beijo: gesto ganha significados diversos em 10 momentos da arte
Da clássica cena de Burt Lancaster e Debora Kerr no cinema à perturbadora interpretação de Magritte no quadro “Os Amantes”, um beijo nem sempre é apenas um beijo
atualizado
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Símbolo de afeto, carinho, amor, desejo, respeito… O beijo é um gesto que desde a Idade Média é usado em diferentes culturas com variadas simbologias. A arte tem sabido explorar essas possibilidades de interpretação que um beijo pode oferecer. Confira na lista abaixo, em que incluímos filmes, obras de arte
Romance em preto e branco
Uma das mais clássicas cenas de beijo do cinema é a de Burt Lancaster e Deborah Kerr no filme “A Um passo da Eternidade” (1953 — foto no alto), de Fred Zinnemann. Numa pausa em meio à guerra, o sargento Milton Warden e amada Karen Holmes vivem um idílio numa praia deserta e se esbaldam na areia. Sexy sem ser vulgar.
Múltiplos significados
Surrealista, o pintor belga René Magritte encontrou uma forma um tanto perturbadora para representar a cena clássica do beijo. São vários os significados para os sacos que escondem o rosto de cada um dos amantes. Uns fazem fazem alusão ao sufocamento de um relacionamento a dois, outros afirmam que são as máscaras sociais que cada um é obrigado a carregar dentro da vida de casal. Seja como for, o quadro é um inquietante convite a pensarmos sobre tudo o que vem por trás do singelo ato de dar um beijo.
Os super-heróis também amam
Uma das cenas mais marcantes de “Homem-Aranha” (2002), o filme de ação que Sam Raimi fez a partir dos quadrinhos da Marvel, é uma cena romântica. Completamente fragilizado, pensurado de cabeça para baixo, o herói (interpretado por Tobey Maguire) recebe um sonhado beijo de sua amada Mary Jane (Kirsten Dunst). “Provavelmente, a coisa mais difícil que tive que fazer como o Homem-Aranha foi beijar Kirsten Dunst”, contou demais Maguire. Não era para menos.
O beijo do vampiro
No romance clássico de Bram Stocker, o conde Drácula nutre uma incontrolável paixão por Mina. No filme “Nosferatu, o Vampiro da Noite” (1979), o diretor alemão se inspira livremente no livro. O vampiro é Nosferatu (Klaus Kinski) e o alvo de sua paixão é Lucy (Isabelle Adjani). A criatura da noite atravessa uma verdadeira via crucis até satisfazer o seu desejo, e tão fascinado fica pela sua presa, que acaba sendo surpreendido pelo sol.
Um momento eternizado
“O Beijo do Hotel de Ville” (1950), de Robert Doisneau (1912-1994), pode ser considerada, sem exagero, uma das fotografias mais célebres da história. Reproduzida constantemente, ela realça a ideia de uma Paris idealizada a partir da figura romântica do casal que expõe seu afeto em meio aos transeuntes. Tanta popularidade acabou trazendo à tona dúvidas sobre sua “veracidade” e reivindicações de direitos feitas por pessoas que alegavam terem sido exploradas na foto.
O gesto traiçoeiro
Na história contada na Bíblia, o apóstolo Judas dá um beijo na face de seu mestre, Jesus Cristo, para identificá-lo perante os soldados romanos. A cena ganhou várias representações em telas como “O Beijo de Judas” (1304-06), de Giotto, e “A Captura de Cristo” (1602), atribuída a Caravaggio ou a um de seus discípulos. Uma curiosidade: essa tela ficou desaparecida por 200 anos até ser encontrada por jesuítas irlandeses na residência da Companhia de Jesus. Hoje está exposta na Galeria Nacional da Irlanda.
Beijo sobrenatural
Muita gente chorou com o romance sobrenatural entre Demi Moore Patrick Swayze no filme romântico “Ghost — Do Outro Lado da Vida” (1990), de Jerry Zucker. Um certo alívio veio quando, enfim, a mulher consegue “beijar” o fantasma do marido morto — assassinado durante um assalto. Quer dizer, o amor conseguiu driblar a morte, mas amor sem beijo não teria a menor graça.
Cores e erotismo
A cama de flores, o fundo sem qualquer cenário e as roupas cintilantes deixam claro que o casal representado no quadro “O Beijo” não faz parte do nosso mundo. O que vemos ali na tela de Gustav Klimt é um universo de intimidades, que só tem acesso a eles, o casal apaixonado. A sensualidade e o erotismo se misturam entre o inocente beijo do homem e o pé retorcido pelo prazer da mulher.
Moldado na pedra
Não há um ponto fixo para o observador. Rodin construiu a estátua de tal maneira que o visitante deve dar a volta nela para perceber todos os detalhes desse apaixonado beijo. A força dos amantes também se dá pelo inacabamento da obra. Dessa forma, o artista conseguiu criar contraste entre a textura do material bruto com a fineza do corpo esculpido, destaca a leveza e a sensualidade do ato. Originalmente, a escultura foi pensada de acordo com a história de Paolo e Francesca, dois personagens da “Divina Comédia”, de Dante. No livro, os amantes são pegos no primeiro beijo pelo marido da mulher e são condenados a vaguear pelo inferno para todo o sempre.
Quem ama beija
Afinal, teria ou não beijo gay? Muita falação antecipou o esperado (esconjurado por outros) “primeiro beijo gay em uma novela brasileira”. Foi em “Amor à Vida” (2013-2014), de Walcyr Carrasco. O vilão Félix (Mateus Solano) conseguiu se redimir de todas as maldades que cometeu por causa do amor por Niko (Thiago Fragoso). Depois de tantas idas e vindas, que outro gesto poderia significar que aquele romance era pra valer? Um beijo, claro.