“Uma Loucura de Mulher” é “entretenimento que provoca”, diz diretor
Estreante na direção, Marcus Ligocki Jr. fala sobre a comédia estrelada por Mariana Ximenes e enfatiza as questões de empoderamento feminino e política que rodeiam o filme
atualizado
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Produtor de “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011) e “O Último Cine Drive-in” (2015), Marcus Ligocki Jr. tinha muitas coisas na cabeça para seu primeiro longa como diretor. Sempre quis uma comédia com inspirações em nomes da Hollywood clássica, como Billy Wilder e Ernst Lubitsch, e no ácido humor inglês. Outro plano envolvia ter grande elenco para chegar ao público. Esses elementos se reúnem em “Uma Loucura de Mulher”, filme com Mariana Ximenes que estreia nesta quinta (2/6).
Paraense radicado em Brasília desde bebê, Ligocki se diz satisfeito com a primeira experiência como diretor. Durante a produção, propôs e realizou o feito inédito na cidade de erguer um estúdio de cinema no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) para as cenas no apartamento de Lúcia (Mariana Ximenes, também produtora associada), protagonista da trama. Ao todo, foram quatro semanas de filmagem em Brasília e três no Rio de Janeiro.
“Foi mesmo uma inovação. Construir esse lugar perto de casa”, comemora o cineasta. “A gente queria muito valorizar e gerar conhecimento em Brasília. Trabalhar com a nossa equipe e atrair talentos de fora para trabalharem aqui com o nosso pessoal”, continua.
Política e feminismo
O empreendedorismo se somou à vontade pessoal de falar de empoderamento feminino e política de maneiras menos óbvias. Lúcia (Mariana) está casada há uns bons anos com Gero (Bruno Garcia). Ela largou a dança para ajudar na carreira do marido, agora pré-candidato ao governo do Distrito Federal. Gero tem Dulce (Miá Mello) como amante. Ela também é uma das melhores amigas de Lúcia.
A vida tumultuada em Brasília faz com que Lúcia decida retomar as rédeas de sua carreira e procurar um caminho para a liberdade. Para compor a personagem, Ligocki preferiu recusar a simples paródia da política, com gabinetes caricatos e assessores estridentes, e flagrar o homem público em sua casa, na intimidade. “Estando em Brasília, esse tema é incontornável”, explica.
“Me propus a pensar como essa coisa do não dito, de vestir a máscara, da vaidade e da luta pelo poder afeta as relações íntimas desse cara. Isso enriqueceu o contexto de empoderamento da Lúcia”, completa.
Com experiências na publicidade e como ilustrador, Ligocki enxerga um conjunto de coisas na primeira vez em longas-metragens. “A direção é soma de narrativa, elenco, equipe, linguagem, distribuição e relação com o público”, reflete.
Aos 43 anos, ele coassina o roteiro com Angélica Lopes e a canadense Kirsten Carthew, “para dar credibilidade à voz da mulher”. O resultado, segundo o diretor, é uma comédia capaz de divertir e provocar. “Quero que as pessoas saiam do cinema com algo a pensar sobre o que estamos passando no Brasil atual”.