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“Perdido em Marte” é mais um deslize de Ridley Scott

Uma das estreias desta quinta (1º/10), a ficção científica celebra o progresso científico por meio de um sagaz astronauta

atualizado

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1 de 1 Fox/Divulgação - Foto: Fox/Divulgação

O timing certeiro entre o lançamento de “Perdido em Marte” e o anúncio da Nasa sobre a existência de água na superfície do planeta vermelho certamente é digno de teoria da conspiração. Seria a nova produção de Ridley Scott um vídeo institucional bancado pela agência espacial norte-americana? Não é para tanto, talvez. Especulação à parte, uma intenção fica clara ao longo da narrativa: celebrar o progresso científico, aqui e a milhares de quilômetros de distância.

O astronauta Mark Watney (Matt Damon) torna-se “cidadão” marciano por acidente. Uma tempestade comprometeu uma missão de reconhecimento em Marte. Acreditando não haver salvação para Watney, o resto da tripulação seguiu (em longa) viagem de volta à Terra. Acontece que o colega conseguiu sobreviver em seu traje. Ele encontra refúgio nas instalações fixadas no solo do planeta, com provisões (água, comida, oxigênio) suficientes para mantê-lo vivo por alguns meses.

Apesar da dramaticidade do título nacional, Watney não está perdido. Ao contrário da personagem de Sandra Bullock em “Gravidade”, atormentada pela solidão no negrume cósmico, ele sabe bem o que fazer. É um botânico e, portanto, logo arruma um jeito de multiplicar o estoque de água no interior da estação. Diante da dificuldade técnica de transmitir mensagens para a Terra, ele grava vídeos diários mostrando seus improvisos. Para racionar comida, planta batatas numa estufa improvisada.

Sozinho – mas nem tanto
Chama a atenção a total falta de fundo melodramático. Não há as típicas fotos dos filhos ou da esposa do astronauta espalhadas pela estação. Ou flashbacks para evidenciar que Watney está desesperado em Marte, acompanhado somente por suas lembranças. Ele é um sujeito puramente científico e tão bem-humorado quanto um professor universitário, a ponto de estabelecer um canal de comunicação com a agência espacial. E, por fim, ser salvo.

Scott foge do apelo emocional, mas paga o preço pelo excesso de pragmatismo. O desfile constante de funcionários da Nasa, todos eles interpretados por rostos conhecidos (de Chiwetel Ejiofor a Jeff Daniels), impõe ao filme um estranho tom relatorial e previsível, com direito a alívios cômicos forçados – Watney vez ou outra se irrita com a trilha sonora da estação, que só toca ABBA por causa do gosto musical de Melissa (Jessica Chastain), capitã da tripulação.

Se esta é uma celebração à ciência, mais parece uma aula universitária autoirônica e engraçadinha do que um filme de Hollywood. “Perdido em Marte” é uma nova prova (científica, diga-se) de que o diretor de “Alien” (1979) perdeu a mão faz tempo.

Avaliação: Regular

Veja salas e horários de “Perdido em Marte”.

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