Pai dos zumbis, cineasta George A. Romero é tema de mostra no CCBB
Mostra dedicada ao diretor de “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) e “O Despertar dos Mortos” (1978) começa nesta quarta (1º/6)
atualizado
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O zumbi tal qual o conhecemos, esse ser em decomposição que se arrasta em busca de cérebros vivos, foi inventado pelo cineasta independente George A. Romero. Bem antes de dominarem a cultura pop, os mortos-vivos representavam uma reflexão sobre capitalismo e racismo nos clássicos “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) e “O Despertar dos Mortos” (1978, foto no alto). O diretor é tema da mostra de cinema “A Crônica dos Mortos-Vivos” a partir desta quarta (1º/6), no CCBB.
A má notícia é que toda a programação revela sessões somente em DVD ou Blu-ray, nadinha em película ou DCP (formato digital em alta qualidade). De qualquer maneira, o evento revisita os seis filmes de zumbis dirigidos por Romero, resgata títulos de outros gêneros e repassa remakes e adaptações inspiradas no universo do cineasta nova-iorquino.
Dos 15 longas que Romero dirigiu, seis formam um verdadeiro testamento mitológico dos mortos-vivos. Após a celebrada trilogia “Noite”, “Despertar” e “Dia dos Mortos” (1985), o cineasta ainda foi capaz de renovar o gênero nos anos 2000.
“Terra dos Mortos” (2005) funciona como uma metáfora urgente sobre guerra e intolerância, enquanto “Diário dos Mortos” (2007) é uma feliz incursão no gênero de gravação encontrada (found footage), em que jovens com câmeras veem um surto zumbi acontecer durante a gravação de um filme de terror. No subestimado “Ilha dos Mortos” (2009), uma família aos cacos enfrenta um pós-apocalipse sem data para terminar.
Para além dos zumbis
Mas a carreira de Romero também revela outros experimentos diversos no terror. No celebrado “O Exército do Extermínio” (1973), uma arma biológica fora de controle infecta e enlouquece os habitantes de uma cidade pequena. Temas frequentes nos filmes do autor, a inadequação social e a abrasiva mentalidade interiorana retornam no thriller de vampiro “Martin” (1977) e no trágico “A Máscara do Terror” (2000).
O interesse de Romero em explorar os limites do gênero renderam até “A Metade Negra” (1993), adaptação de Stephen King em que um escritor luta contra seu alterego. Em outra parceria com o escritor, “Creepshow – Show de Horrores” (1982) mistura comédia e terror em versões de quadrinhos dos anos 1950, com roteiro original de King.
Em seus produtos mais limítrofes, Romero narrou a loucura de um macaco treinado para ajudar seu dono paralítico em “Instinto Fatal” (1988) e flertou com a Idade Média em “Cavaleiros de Aço” (1981), sobre uma trupe de artistas rebeldes lutando para sobreviver nos tempos atuais.
George A. Romero – A Crônica Social dos Mortos Vivos
De quarta (1º/6) a 20 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB, Setor de Clubes Esportivos Sul, trecho 2, lote 22, 3108-7600). Não haverá sessão nos dias 7, 11, 12, 14 e 18 de junho. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Ingressos à venda na bilheteria (quarta a segunda, 9h às 21h) e pelo site Ingresso Mais. A classificação indicativa varia de acordo com os filmes. Consulte a programação no site do CCBB.