O caos da guerra é filmado com vigor em “13 Horas – Os Soldados Secretos de Benghazi”
Novo filme de ação de Michael Bay, diretor de “Transformers” e “Bad Boys”, acompanha um grupo de soldados americanos que batalha contra milicianos em Benghazi, na Líbia
atualizado
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Para muita gente, Michael Bay é uma espécie de best-seller do mau gosto. Seus filmes costumam arrecadar bilheterias generosas com todo tipo de cacoete clássico do californiano: apreciação pelo militarismo, efeitos visuais excessivos, pieguices sentimentais, pirotecnia sem fim, carros de luxo e gente sarada. Em resumo: um esteta de parques temáticos caóticos e videoclipes anabolizados.
Há uma razão para que Bay seja tão amado e odiado por públicos distintos: ao menos ele é autêntico no que faz. Em “13 Horas – Os Soldados Secretos de Benghazi”, Bay reduz a escala da ação e filma um grupo de seis soldados guerreando contra milícias na Líbia pós-Kadafi.
O roteiro é baseado nos eventos de 11 de setembro de 2012, quando um embaixador americano foi assassinado na cidade de Benghazi durante uma série de ataques terroristas a um complexo diplomático dos EUA.
O roteiro enxuto se desenrola especialmente nos primeiros 40 minutos, quando acompanhamos a chegada e acomodação do soldado Jack Silva (John Krasinski, da série “The Office”) em Benghazi. Há uma estação da CIA no país, mas ela sequer opera oficialmente. A poucos quilômetros dali, um ponto diplomático também se vale da invisibilidade: mais parece um resort de Dubai.
Filme de cerco elevado pela bela fotografia digital
Os contra-plongées (ponto de vista de baixo para cima) de Bay continuam insistentes, bem como a sempre ruidosa edição de som. Mas “13 Horas” se exibe como o filme mais cristalino e visualmente coeso da carreira do diretor, algo inesperado vindo do mesmo sujeito que já fabricou produtos tão desordenados quanto “Pearl Harbor” ou “Transformers”.
Apoiado pelo talentoso diretor de fotografia Dion Beebe (“Colateral” e “Miami Vice”, ambos de Michael Mann), um especialista em digital, Bay organiza seus personagens numa clássica composição de filme de cerco: os seis soldados defendem o posto diplomático enquanto dezenas de inimigos golpeiam os muros e construções em sucessivas ondas de ataques.
A fotografia permite que o diretor produza algumas das cenas mais vívidas da carreira, em planos que organizam a ação e valorizam o apreço de Bay por cortes rápidos e efeitos faiscantes. Claro, há sempre espaço para sentimentalismo bobo e discutíveis elementos de encenação – o patriotismo está apenas mais brando e a caracterização discutível dos árabes sempre incomoda.
Ainda assim, “13 Horas” não deixa de ser um poderoso exercício de gênero e, talvez, o melhor longa do diretor desde “A Rocha” (1996) – curiosamente, outro produto de “câmara”, ambientado na prisão de Alcatraz. Pela primeira vez, Bay parece assimilar de maneira inteligente a influência de Tony Scott, certamente uma de suas grandes influências.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “”13 Horas – Os Soldados Secretos de Benghazi”.