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Em “Boi Neon”, a sensibilidade brota como flor em um ambiente rude

Premiado nos principais festivais do Brasil e exterior, filme fala sobre transgressões de conceitos a partir de transformações de comportamento

atualizado

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Rachel Ellis/Divulgação
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Segundo longa de ficção do pernambucano Gabriel Mascaro, “Boi Neon” recebeu prêmios importantes no Brasil e no exterior. Lá fora, por exemplo, foi reconhecido em festivais de prestígio como Veneza e Toronto. E não é por menos. Mais uma vez dirigindo com economia e simplicidade, o jovem cineasta surpreende com seu olhar sincero e sensível sobre a natureza humana e as contradições que elas desnudam. No caso aqui, “distorções” também.

Na trama, o submundo das vaquejadas onde é esmiuçado o dia a dia de uma família atípica que vive na estrada preparando a arena para os peões na cruel farra do boi. Para Iremar (Juliano Cazarré), Galega (Maeve Jenkings), a filha Cacá (Alyne Santana) e mais dois peões, a casa é a boleia de um caminhão ou a gaiola fétida da boiada. O canto triste do aboio e os mugidos dos animais surgem como preces do cotidiano.

É neste ambiente rústico e rude que pequenas e estranhas sutilezas do comportamento humano vão surgindo como se fossem flores brotando do pântano. Subvertendo e invertendo a lógica de uma “sociedade convencional”, papéis são trocados, posições domésticas desmascaradas à sombra de uma indústria da moda cravada no coração do sertão. Mas tudo se desenrola sem afetação ou caricatura diante dos olhos do espectador. É algo tão sutil e natural que quase não é notado, embora se sinta no ar que algo de diferente estar por vir.

Cenas de sexo e nudez
Diretor do drama “Ventos de Agosto” (2014), exibido na mostra competitiva do último Festival de Brasília, Gabriel Mascaro é da nova geração de cineastas pernambucanos que tem muito a dizer. Especialmente sobre um Brasil que camufla suas verdades afetivas e humanas em função de conceitos de vida ultrapassados.

Meio que a personificação do macho que, literalmente, pega o boi à unha, o personagem de Juliano Cazarré é o símbolo dessa transformação que rompe com tais paradigmas do senso comum, trazendo à tona um novo tipo de homem. E o filme, de forma tocante, simplesmente é isso, indo bem além das polêmicas cenas de sexo e nudez protagonizadas pelo ator brasiliense.

Aliás, em “Boi Neon”, a erotização dos corpos e exposição do sexo ganha um aspecto felliniano mágico, com centauros femininos dançantes e relação homem/animal lírica. Dos instintos mais selvagens nascem a delicadeza.

Avaliação ****

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