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Crítica: “Rua Cloverfield, 10” mostra apocalipse cheio de mistério

Nova produção da Bad Robot, produtora de J.J. Abrams, traz Mary Elizabeth Winstead, John Goodman e John Gallagher Jr. como sobreviventes do suposto fim do mundo

atualizado

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Paramount Pictures/Divulgação
Rua Cloverfield, 10, filme
1 de 1 Rua Cloverfield, 10, filme - Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Não é “mistério” para ninguém que J.J. Abrams e sua produtora, a Bad Robot, adoram um segredinho. Mesmo num megablockbuster como “Star Wars – O Despertar da Força” (2015), o diretor consegue criar imensa expectativa pré-lançamento ao entregar poucos detalhes, revelar fios soltos e trabalhar com o poder da sugestão. “Rua Cloverfield, 10”, do estreante Dan Trachtenberg, não é nem prelúdio nem sequência de “Cloverfield – Monstro” (2008), mas um produto que se aproveita de uma mitologia já construída para construir um filme de monstro inédito.

Em vez do found footage e dos pontos de vista indefesos do original, “Rua Cloverfield” funciona à maneira de um filme de câmara, como se diz lá fora. Após brigar com o namorado, Michelle (Mary Elizabeth Winstead) pega a estrada e sofre um acidente na zona rural de Louisiana. Ela acorda num bunker planejado e construído por Howard (John Goodman, sempre inspirado) durante anos. O terceiro habitante do forte é Emmett (John Gallagher Jr.).

No que mais parece uma prisão do que um refúgio, Michelle ouve de Howard que não se pode sair nem entrar. Ele se contenta em explicar que um ataque de proporções mundiais varreu o que existia lá fora e contaminou o ar com armas químicas. Emmett conta apenas ter visto um clarão vermelho, algo que, segundo ele, parece ter saído da Bíblia.

Truques de terror e um ótimo trio de atores
Um bom estoque de água e comida e provisões como um purificador de ar, um gerador e livros, jogos de tabuleiro e filmes em DVD e VHS devem mantê-los vivos e ocupados pelos próximos dois anos. Existe um curioso ar de tédio em “Rua Cloverfield” que só reforça a paranoia que nós, espectadores, temos de antemão diante de qualquer coisa produzida por Abrams e Bad Robot. Sabe-se que, em algum momento, a caixinha de mistérios se abrirá e algo assustador sairá dali.

Ao trabalhar com essas expectativas e, espertamente, negá-las até os minutos finais, Trachtenberg cria tensão a partir da própria relação entre os personagens. Em certo sentido metafórico, há um segundo apocalipse em curso dentro do bunker. Desde o início, fica claro que Howard, um ex-soldado da Marinha ao mesmo tempo resignado e nervoso, não é nada confiável. E que o objetivo de Michelle é simplesmente dar o fora da ali, se possível com a ajuda do voluntarioso Emmett.

“Rua Cloverfield” foge do mero oportunismo ao apresentar seus próprios truques, ainda que vários deles, como o monstro sempre protegido pelo escuro, soem derivativos demais de “Cloverfield – Monstro”. Apesar de se valer do excesso de esperteza para convencer o público, o filme é capaz de esboçar originalidade por meio das ótimas atuações do trio, sobretudo de Goodman e Mary Elizabeth.

Haja caixinha de mistério para possíveis sequências ou prelúdios – ou simplesmente derivados tais quais “Rua Cloverfield, 10”.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “Rua Cloverfield, 10”.

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