Crítica: “Quatro Vidas de um Cachorro” quer fazer você chorar
Alvo de protestos por causa de uma agressão a animal durante as filmagens, “Quatro Vidas” explora as reencarnações de um cãozinho
atualizado
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Não sinta vergonha de sair da sala de cinema com os olhos cheios d’água após assistir o filme “Quatro Vidas de um Cachorro”, do diretor Lasse Hallström. Apesar do roteiro clichê, que trabalha o “eterno” amor entre o homem e seu animal de estimação, o longa é pensado para emocionar o espectador – e cumpre com o prometido.
Nessa versão espírita de “Sempre ao Seu Lado” (2009), outro longa de Hallström também feito para arrancar lágrimas da plateia, um cachorro reencarna quatro vezes para viver e morrer ao lado de donos diferentes, fechando o ciclo de suas lembranças com o primeiro dono – que reaparece mais velho, no corpo de um Dennis Quaid desconfortável com seu próprio personagem.
Porém, o que poderia ser o maior mérito se tornou o principal defeito do filme. Enquanto acompanhamos o universo canino, vemos o animal pensar, filosofar e sentir saudades. Tamanha proximidade revela o uso desmedido de fórmulas para emocionar o espectador, deixando-o exausto diante da tela.Montanha-russa de sentimentos
Todos os atos do companheiro canino – carregados de quadros focados naqueles olhos inocentes – nos deixam emocionados. Ele ajuda o dono a encontrar (e reencontrar) a mulher que ama, o salva de um incêndio, corre atrás de um criminoso, salva uma menina de um afogamento, comete apenas erros facilmente perdoáveis, salva outro dono de um tiroteio e se apaixona por uma cadela, mantendo-se ao lado dela até o fim de suas vidas. Ufa! Suas qualidades são tão exaltadas que cada morte do cachorro parece dolorosa demais (e imperdoável) ao espectador.
Fora dessa montanha-russa de situações e sentimentos, não resta mais nada ao filme. Dentro da capacidade do cachorro de relembrar suas vidas passadas, ele se apega ao primeiro dono e sente que está apenas de passagem pela vida dos outros.
Talvez todo esse jogo emocional não seja suficiente para esquecer o vídeo (vazado) em que aparece um dos cães do longa sofrendo maus-tratos durante as filmagens. O diretor diz que é apenas um mal-entendido, mas muitos veem o ato como a revelação de que, nos bastidores, a produção não estava preocupada com o mascote. Um contraste e tanto, não?
Avaliação: Regular
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