Crítica: “Pequeno Segredo” tenta emocionar, mas carece de identidade
Filme que representa o Brasil na corrida pelo Oscar 2017, “Pequeno Segredo” acompanha o drama de Kat, menina adotada pela família Schurmann
atualizado
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“Pequeno Segredo”, em tempos de um país politicamente polarizado, motivou discussões antes mesmo de estrear. É o longa que desbancou o favorito “Aquarius” na corrida para representar o Brasil no conturbado processo de seleção do Oscar 2017. De súbito, foi taxado de “coxinha” por detratores que ainda nem viram o filme. Bem como “Aquarius”: ainda em Cannes, virou o representante dos “petralhas”.
Mas, por ora, deixemos questões periféricas de lado. E fiquemos com o que “Pequeno Segredo” mostra na tela. Trata-se de um drama baseado nas experiências reais da família Schurmann, conhecida por velejar o mundo desbravando oceanos e mares. A direção é, inclusive, de David Schurmann, irmão da personagem principal.
Drama universal, mas sem identidade
A menina Kat (Mariana Goulart) centraliza uma trama dividida em três núcleos temporais distintos. De um lado, o neozelandês Robert (Erroll Shand) vive no Brasil e se apaixona por Jeanne (Maria Flor). Barbara (Fionnula Flanagan) cultiva sentimentos preconceituosos em relação à namorada brasileira do filho.
Na porção dramática mais importante, Kat se equilibra em um cotidiano ambíguo: recebe carinho dos pais adotivos Vilfredo (Marcello Antony) e Heloisa (Júlia Lemmertz) e é vista de maneira hostil pelos coleguinhas da escola e das aulas de balé. Ela tem saúde frágil, debilitada pelo vírus HIV. Para um filme com potencial emotivo, “Pequeno Segredo” soa mais ambicioso do que pessoal.
Dentro dessa narrativa circular, no modelo “ligue os pontos”, sobram cenas bucólicas ao mar e diante do pôr do sol e algumas contendas e fofuras familiares. Um produto profissional, sem dúvidas: planos aéreos grandiosos, uma óbvia sequência de sonho, uma baleia produzida por efeitos digitais. Profissional, mas sem identidade própria.
Avaliação: Ruim
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