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Crítica: “O Outro Lado do Paraíso” comove com mensagem de esperança

Ambientado em Brasília nos anos pré-golpe de 64, o filme narra saga de uma família em busca de uma vida melhor na nova capital

atualizado

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Agência Febre/Divulgação
O Outro Lado do Paraíso, com Eduardo Moscovis
1 de 1 O Outro Lado do Paraíso, com Eduardo Moscovis - Foto: Agência Febre/Divulgação

Há uma sinceridade narrativa no drama “O Outro Lado do Paraíso” que irá comover boa parte do público que for ver o filme baseado em livro homônimo do jornalista e escritor Luiz Fernando Emediato. Isso se o espectador não for tão rabugento quanto a média da critica especializada. Essa sinceridade tem a ver com a sensibilidade de contar uma história cujo eixo se concentra numa palavrinha mágica pertinente nos conturbados dias de hoje: esperança.

Na trama, a intensa relação de um pai e seu filho nos primeiros anos do surgimento de Brasília. Mais, precisamente, na Taguatinga dos anos 1960. Cansado de puxar enxada de sol a sol no interior de Minas Gerais, o sonhador Antônio (Eduardo Moscovis) convence a família a largar suas raízes para trás em busca de uma vida melhor no coração do Planalto Central. Ele acredita que o Brasil pode melhorar e que existe um paraíso na Terra.

“Vocês sabem que estão construindo uma cidade grande naquele rumo, uma nova capital?”, pergunta ele deslumbrado aos três filhos e mulher. “É Brasília, minha gente!”, continua.

Sem vacilar, ele troca a casa por um caminhão e parte com todo mundo rumo a esse Éden brasileiro, seduzido pelas reformas de base do então presidente João Goulart, enfim, a tal questão agrária e justiça social. Mas quando desembarca em Taguatinga, naquele turbulento ano de 1963, o país está polarizado entre ideias capitalistas e comunistas e não irá demorar muito para um golpe de estado minar o sonho de milhares de brasileiros. Ele é um deles.

“Escuta aqui, rapaz! Na minha casa ninguém fala mal do presidente não!”, revolta ele, quando o namorado militar fala mal do governo.

Atuação de elenco mirim segura trama
Rodado em Brasília e Olhos D’Água – histórico povoado goiano localizado próximo ao Distrito Federal –, o filme, o maior orçamento da história do cinema do Distrito Federal, tem a mesma pegada comovente da cinebiografia dos irmãos sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano em “2 Filhos de Francisco”. Mas o clima da história é bem diferente.

Muito dessa comoção está ligada com a forte presença do elenco mirim, que segura a trama com olhar ingênuo lançado sobre os problemas de período turbulento, polêmico e confuso da história do Brasil. Enquanto o país pegava fogo numa guerra política – momentos registrados com material de arquivo formidável, entre elas imagens inéditas garimpadas no acervo do fotógrafo francês Jean Manzon –, Nando se deixa encantar pelos livros, os desenlaces do primeiro beijo ou os embaraços de se dançar um twist contagiante da roqueira italiana Rita Pavone.

Longe de tentar revolucionar o cinema nacional, “O Outro Lado do Paraíso”, com sua trama tocante e despretensiosa, sem querer, traz reflexão melancólica e oportuna sobre a atual realidade do país. É quando mostra, mais de 50 anos depois, a repetição da história como grande farsa, mas não com os militares no poder, e si com golpe parlamentar orquestrado por políticos corruptos e sem credibilidade.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “O Outro Lado do Paraíso”.

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