Crítica: “O Dia do Atentado” encena terrorismo na maratona de Boston
Novo filme de Peter Berg (“Horizonte Profundo”) dramatiza o ataque terrorista e a caçada aos autores do atentado que matou três pessoas
atualizado
Compartilhar notícia
Em “O Dia do Atentado”, o policial Tommy Saunders (Mark Wahlberg) representa um dos poucos personagens ficcionais da trama. Em certo sentido, ele encarna o sentimento das pessoas que trabalharam no fatídico 15 de abril de 2013, quando um ataque terrorista matou três e fez dezenas de feridos – 16 tiveram membros amputados – na maratona de Boston.
A abordagem do diretor Peter Berg, conhecido por ser uma espécie de discípulo de Michael Bay no cinema de ação, é justamente misturar encenação e estética semidocumental.
A câmera sem eixo, quase sempre tremida, acompanha pontos de vista dos mais diversos: de vítimas das bombas a autoridades de escalões distintos – do sargento local (J.K. Simmons) ao representante do FBI (Kevin Bacon).Com uma narrativa multifocal, Berg dramatiza desde a manhã do dia do atentado à caçada pelos dois autores das explosões, na semana mais caótica e trágica da história recente de Boston. Ainda que a estrutura se limite ao hiperrealismo – as cenas de ação são dignas de um filme de guerra –, há um quê sentimental um tanto confuso, apesar das óbvias boas intenções.
Um tributo ao espírito comunitário
Berg pensou em “O Dia do Atentado” (intitulado originalmente “Patriots Day”, feriado regional cujo clímax é a maratona) como um tributo ao senso de comunidade e cooperação que se forma após uma tragédia. Sobretudo aos habitantes de Boston – uma metrópole que, com sua herança irlandesa, por vezes parece uma cidadezinha das mais unidas.
“O Dia do Atentado” derrapa quando resolve dar um tempo no que conhece – a força de Boston (Boston Strong, o slogan criado à época dos ataques) – e desbravar as vidas particulares dos terroristas. O que parece ser uma narrativa democrática acaba caindo no reducionismo conveniente e em chavões pouco reflexivos ditos por outros personagens, como “menos ódio, mais amor”.
Ainda que às vezes desengonçado, é inegável notar que Berg completa em “O Dia do Atentado” uma espécie de trilogia informal sobre heróis sem capa, todos vividos pelo carismático Wahlberg.
Antes, ele sobreviveu a um desastre numa plataforma de petróleo e salvou colegas em “Horizonte Profundo: Desastre no Golfo” (2016) e caçou um líder do Talibã no biográfico “O Grande Herói” (2013). Em “O Dia do Atentado”, o herói cotidiano transcende o messianismo e, à sua maneira, fornece uma definição de solidariedade.
Avaliação: Regular
Veja horários e salas de “O Dia do Atentado”