Crítica: novo “Independence Day” é diversão sem medo do absurdo
Vinte anos depois do primeiro filme, os alienígenas se vingam da humanidade com um arsenal militar e tecnológico ainda mais poderoso
atualizado
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Poucos blockbusters são tão anos 1990 quanto “Independence Day” (1996), um filme apocalíptico em que os humanos destroem a superioridade (intelectual e tecnológica) alienígena com um vírus de computador. Esse tipo de entretenimento transparente, sem didatismos ou tentativas de parecer realista, retorna galopante na sequência “Independence Day – O Ressurgimento”.
Vinte anos depois dos eventos do 4 de julho de 1996, o diretor Roland Emmerich aproveita a própria mitologia de fim de mundo construída no original para introduzir novos personagens e reutilizar velhos heróis. Um elemento continua no coração da trama: o inabalável e otimista espírito de cooperação. A humanidade incorporou a tecnologia extraterrestre deixada pelos derrotados e agora vive em paz.
Mas os alienígenas se vingam em grande estilo. Em vez dos múltiplos ataques de 1996, mandam para a Terra uma nave capaz de cobrir o Oceano Atlântico, destruindo cidades inteiras somente no pouso. “Como não vimos isso?”, alguém indaga, já deixando claro que, goste o público ou não, este é um filme calcado no absurdo e não na verossimilhança.
David Levinson (Jeff Goldblum) se tornou um braço direito da presidente Lanford (Sela Ward), enquanto Whitmore (Bill Pulman), o presidente-piloto do primeiro filme, vive às voltas com pesadelos e alucinações. Sua filha, Patricia (Maika Monroe), trabalha no alto escalão – e também é capaz de conduzir um avião de caça.
A democratização do heroísmo
A nova geração se torna um quinteto com Jake (Liam Hemsworth), Dylan Hiller (Jessie T. Usher), filho do personagem original de Will Smith, a chinesa Rain Lao (Angelababy) e Charlie Miller (Travis Tope). Emmerich recupera a narrativa segmentada do filme original, com várias subtramas.
Enquanto algumas delas funcionam parcamente – como a de Jasmine (Vivica A. Fox), mãe de Hiller, e Julius (Judd Hirsch), o pai excêntrico de David –, o diretor acerta a mão na maneira como consegue democratizar o heroísmo mais uma vez. Em “Ressurgimento”, quase todos os personagens têm o seu momento messiânico.
Emmerich alivia o patriotismo e mostra menos bandeiras americanas do que de costume para dar espaço a personagens como Okun (Brent Spiner) e Isaacs (John Storey). Vinte anos depois, os cientistas formam um sutil casal gay.
A conexão psíquica que Okun e Whitmore têm com os aliens também é compartilhada por Umbutu (Deobia Oparei), um guerreiro africano que liderou batalhas campais contra alienígenas durante a primeira invasão. Há até um solitário núcleo europeu protagonizado pela pesquisadora Catherine (Charlotte Gainsbourg) e um flerte com a questão dos refugiados.
“Ressurgimento” vacila quando tenta forçar situações sentimentais. São momentos desconectados do senso prático e operacional dos personagens, capazes de superar perdas e partir para a ação num estalar de dedos. O novo “Independence Day” entrega uma diversão old school e destemida, sem vergonha de abraçar a fantasia com grandiosidade, franqueza e, claro, uma fanfarronice cativante.
Avaliação: Bom
Veja horários e salas de “Independence Day – O Ressurgimento”.