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Crítica: “Contrato Vitalício”, do Porta dos Fundos, vacila nas piadas

Primeiro longa-metragem do grupo de humor vale mais pelas sátiras pontuais do que pela trama principal envolvendo dois amigos cineastas

atualizado

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Paris Filme/Divulgação
Porta dos Fundos – Contrato Vitalício
1 de 1 Porta dos Fundos – Contrato Vitalício - Foto: Paris Filme/Divulgação

Uma das virtudes do humor de internet é a rapidez e brevidade dos esquetes. Basta abrir um vídeo do YouTube e esperar pela metralhadora de piadas. Uma vez fisgado nos primeiros 15, 30 segundos, o espectador permanece ali até o fim. É com essa mesma agilidade que o grupo Porta dos Fundos lança seu primeiro filme, “Contrato Vitalício”.

Sucesso na internet, o coletivo parece vacilar ao tentar traduzir seus esquetes satíricos para a tela grande. O problema é mesmo a simples transcrição: o filme empilha tiradinhas engraçadas quase que minuto a minuto, numa equação de tentativa = erro (e alguns acertos) que não exatamente faz o público morrer de tanto rir.

Partindo de terrenos já desbravados antes pelo grupo – do fútil mundo das celebridades ao universo cult de cineastas autorais –, o filme revela uma trama envolvendo dois amigos cineastas (Fábio Porchat e Gregório Duvivier) após uma inesperada vitória no Festival de Cannes. Na festa pós-troféu, Rodrigo (Porchat) assina num guardanapo um contrato vitalício com Miguel (um Duvivier algo Zach Galifianakis): dali em diante, estrelará todos os filmes do amigo.

Escracho ousado, mas em excesso
Um dos criadores do canal no YouTube, o diretor Ian SBF (de “Entre Abelhas”) tenta transferir para o filme o carisma célere dos esquetes. Por fim, acaba conduzindo um programa verborrágico de piadas que, por acaso, tem uma trama a desenrolar.

“Contrato Vitalício” pretende ser mais ousado, boca suja e vulgar que certas comédias globais, mas seu escracho derrapa no exagero: um filme ansioso para conquistar a plateia a qualquer custo – uma proposta que beira a autossabotagem.

Miguel sumiu por dez anos, retornou com histórias malucas sobre abdução por aliens que vivem no centro da Terra, e agora obriga Rodrigo a estrelar um longa sobre essas experiências. Há um potencial hilário neste filme dentro do filme, mas SBF curiosamente encontra seus melhores momentos quando “Contrato Vitalício” se aceita como uma coletânea de esquetes.

Nesse sentido, é até aceitável que personagens como o detetive particular Otacílio (Antonio Tabet) e Fernanda (Thati Lopes), a blogueira fitness e namorada de Rodrigo, soem mais significativos que a dupla principal. Ou que piadas pontuais sobre uma obra de arte no formato de pênis e o beijo de língua entre Porchat e Gabriel Totoro funcionem melhor que a historinha extraterrestre. Há talento em “Contrato Vitalício”, mas ele está muito mais na intenção do que na realização.

Avaliação: Regular

Veja horários e salas de “Porta dos Fundos – Contrato Vitalício”.

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