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Crítica: “Até o Último Homem” é drama de guerra sobre um homem de fé

Novo filme de Mel Gibson, “Até o Último Homem” narra os atos de bravura de um médico pacifista na Segunda Guerra Mundial

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Diamond Films/Divulgação
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1 de 1 até o último homem, filme, andrew garfield, mel gibson - Foto: Diamond Films/Divulgação

“Até o Último Homem” narra a história real de um soldado americano que se recusou a segurar um rifle. Ou um revólver, uma faca, uma granada. Ele preferiu lutar na Segunda Guerra Mundial à sua maneira: lendo a Bíblia no tempo livre e carregando feridos nos ombros na batalha de Okinawa, no Japão. Mais tarde, ganhou uma Medalha de Honra pelos atos de bravura.

Desmond T. Doss (Andrew Garfield), garoto simples de Virginia, parece ser o personagem ideal para Mel Gibson, um cineasta de imagens tão loucas quanto religiosas. De volta ao Oscar e à direção, o cineasta de “Coração Valente” (1995) acredita em emoções intensas, cenas violentas que beiram o absurdo e uma crença (obviamente cristã) na graça pelo sofrimento. Pelo calvário.

Um espécie de santo descendo ao inferno, Doss tem sua trajetória contada da infância, sob a criação de uma mãe bondosa e um pai violento, ao último homem que salvou na guerra. Quando decidiu se alistar, precisou se submeter a um treinamento hostil do sargento Howell, interpretado por Vince Vaughn com camadas divertidas de humor ácido.

Entre a fé e a insanidade
Tratado tanto como religioso fanático quanto medroso instável, Doss enfim chega ao conflito. É quando Gibson explora uma conciliação vigorosa de cenas de batalha quase pornográficas com a abnegação do médico em meio aos horrores físicos e psicológicos de um mundo em ruínas. A tropa recua e ele continua lá, remendando corpos, injetando morfina, carregando homens.

Se “A Paixão de Cristo” (2004) significou a crônica rude de Gibson sobre as torturas sofridas pelo Messias, “Até o Último Homem” consegue ser um ato de fé mais equilibrado. Mesmo com o excesso de imagens que ele julga edificantes – uma maca içada contra a luz para parecer uma cruz, por exemplo –, há momentos de imensa densidade metafórica.

Numa das cenas mais fortes, Doss limpa o rosto de um soldado que achava estar cego. Eis o milagre do altruísmo. Em outra comparável à passagem bíblica no Getsêmani, o jovem se vê desesperado à noite, só, após o recuo das tropas americanas. Reza a Deus e, em termos, simples, quer recusar o cálice (seu propósito), tal qual o Messias.

“Até o Último Homem” é o filme de guerra insano e devoto que só Mel Gibson poderia ter feito.

Avaliação: Ótimo

Veja horários e salas de “Até o Último Homem”.

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