Crítica: “A Múmia” combina terror e aventura, mas vacila feio
Com Tom Cruise no papel de um soldado que vira alvo de uma princesa egípcia, filme abre o Dark Universe, franquia de monstros
atualizado
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“A Múmia” começa e termina no deserto, com aventureiros cavalgando (um deles Tom Cruise) em direção a mistérios milenares. Entre a primeira e a última cena, vemos uma tempestade de areia varrendo Londres, visões sobrenaturais do Egito antigo e nossos heróis perseguidos por múmias-zumbis.
Parece empolgante, certo? Na tela, nem tanto. O filme que abre o chamado Dark Universe, dedicado aos monstros do estúdio Universal, é apenas o primeiro capítulo de uma franquia ambiciosa.
Começa com um já esperado personagem malandro, o soldado Nick Morton (Tom Cruise), que vê em antiguidades a chance de fazer uma grana no mercado negro. Até que, numa dessas expedições, ele desperta Ahmanet (Sofia Boutella), uma princesa egípcia mumificada viva após conspirar contra o pai, o faraó.
Chris Vail (Jake Johnson) é o ajudante engraçadinho de Morton. Um alívio cômico que nunca decola. Jenny (Annabelle Wallis), a arqueóloga, representa o mais novo caso de personagem feminina inteligente que navega pela trama como mero “interesse romântico” de um protagonista cínico, mas de bom coração. Baita esforço criativo do time de seis roteiristas.
Sem horror, sem aventura: a Múmia e seu amargo retorno
“A Múmia” constrói toda uma mitologia sobre maldade e a busca pela cura de olho em futuros filmes. São dois filmes em um. A aventura de Ahmanet tentando engolir Morton em seus planos de reviver o deus Set e, em paralelo, os estratagemas do doutor Henry Jekyll (Russell Crowe), dono de uma empresa (a Prodigium) que caça, captura e extingue monstros.
Aqui, o trabalho do diretor Alex Kurtzman, conhecido pelos roteiros que escreveu para J.J. Abrams (“Star Trek”) e Michael Bay (“A Ilha”), parece ser o de comportar interesses maiores que o próprio filme que ele precisa organizar. A franquia mal começou e “A Múmia” corre contra o tempo.
O filme tem pressa nas fabulações mitológicas (tudo é explicado rapidinho por Jekyll), força embates místicos com efeitos especiais sisudos, feios (paleta meio gótica, meio desértica) e sequer assume o que existe de kitsch no projeto (um acasalamento eternamente frustrado entre Tom Cruise e uma múmia).
O novo “A Múmia” ainda comete o pecado imperdoável de amaciar as forças sinistras que envolvem os personagens por meio de rasteiras sentimentais – uma infeliz estratégia para “humanizar” a história. Em miúdos: o Dark Universe dá a partida com o freio de mão puxado. Sombrio, mas nem tanto.
Se o dia pedir maldições de entidades egípcias e sarcófagos vazios, prefira sempre os filmes de múmia estrelados por Brendan Fraser e Rachel Weisz.
Avaliação: Ruim
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