1 de 1 Marlon Brando Flowers On The Hollywood Walk Of Fame
- Foto: Mark Mainz/Getty Images
No auge da carreira do ator Marlon Brando (1924 – 2004), uma revista de cinema estampou na capa foto do astro com a polêmica manchete: “O Nascimento do Cool – Teria Existido Elvis sem Brando?”. A provocação dimensionava o tamanho do culto a um dos rostos mais magnéticos das telonas até então. De modo que, para o bem ou para o mal, o impacto de sua presença no mundo das artes ainda poderá ser sentida por muitos anos.
Se há qualquer dúvida quanto a isso, basta conferir o documentário “A Verdade Sobre Marlon Brando”, destaque deste mês na Netflix. Com direção do irlandês Stevan Riley, o filme, de 2015, é sombrio, triste e perturbador ao contar a trajetória desse deus da interpretação a partir das próprias impressões, observações e reflexões do artista sobre sua vida pessoal, ofício e posições sociais.
O ponto de partida para o projeto foram dezenas de fitas cassetes inéditas deixadas por Brando com depoimentos sinceros sobre uma vida marcada por traumas na infância, carreira de sucesso, polêmicas e dramas familiares. O roteiro sensorial, sensível e labiríntico do filme mescla duras reflexões com várias entrevistas e imagens de filmes clássicos que interpretou, além de registros emocionantes de seu acervo particular.
Confira cinco momentos que formaram o caráter de Brando:
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Um dos mais aclamados atores da história do cinema, Marlon Brando causou muita dor de cabeça em colegas. O astro de "O Poderoso Chefão" (1972), morto em 2005, frequentemente desacatava ordens dos diretores e alterava cenas inteiras. Em alguns casos, sequer decorava as falas. Brando se tornou odiado pela colega Maria Schneider, pois ele a teria estuprado durante cena de sexo em “O Último Tango em Paris” (1972), a qual o ator e o diretor Bernardo Bertolucci alteraram de última hora, sem avisar a atriz previamente
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Pai violento
- O próprio Brando era vítima da violência do pai (à esquerda) que tinha uma visão mesquinha da vida. “Ele media tudo por dinheiro. Um homem durão sem amor”, chegou a dizer o ator, recordando-se da encenação dos dois durante um encontro num programa de TV no auge de sua fama. “Nós estávamos ensaiando juntos. Havia muita hipocrisia”.
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Nova York sem grana
- Criança tímida e sensível, Brando vendia garrafas e cortava grama para conseguir grana que lhe permitia fugir dos traumas de infância vendo filmes. Um dia, largou tudo e foi para em Nova York, em busca do sonho de ser ator. Lembrava com orgulho da primeira aventura na cidade, quando ficou bêbado e dormiu numa calçada. “Cheguei com buracos em minhas meias e na minha mente”, lembrou o ator, que logo entrou para a New School de Stella Adler.
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As estatuetas indesejadas
- O talento como ator embalado por sex appeal eletrizante fez com que Brando conquistasse sucesso, fama, dinheiro, mulheres e dois Oscars. O primeiro por “Sindicato dos Ladrões” (1954) e o segundo por “O Poderoso Chefão” (1972). Na primeira cerimônia apareceu e brincou: “É mais pesado do que pensei. É como carregar um macaco nas costas”. Na segunda, polemizou ao mandar como representante uma índia que discursou sobre o tratamento dado pela indústria ao seu povo. Neil Young imortalizaria o episódio na canção “Pocahontas”.
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Marlon Brando e a luta pelos direitos civis
- Uma das facetas do astro mostrada no documentário é a do artista ativista que abraçou a causa dos negros no movimento dos direitos civis nos anos 1960. Na época, chegou a pisar no freio do estrelato para andar, lado a lado, com o líder negro Martin Luther King e seus pares. “Marlon Brando é uma aberração que ama os negros!”, dizia um dos cartazes da época.