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Cate Blanchett e Rooney Mara vivem romance no melodrama “Carol”

Novo filme do diretor Todd Haynes mais uma vez põe à prova certas convenções da hipócrita sociedade norte-americana a partir da história de amor entre duas mulheres

atualizado

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Wilson Webb/Divulgação
Wilson Webb/Divulgação
1 de 1 Wilson Webb/Divulgação - Foto: Wilson Webb/Divulgação

Todd Haynes faz um tipo de cinema retrô elegante em que questiona certas convenções da hipócrita sociedade americana. É como se ele fosse assim uma espécie de Tennessee Williams das telonas, só que com um toque a mais de finesse. Depois de surpreender a crítica e o público com o filme-colagem, “Eu Não Estou Lá” (2007), homenagem ao bardo folk, Bob Dylan, ele está de volta com mais uma história polêmica, desta vez sobre o caso de amor entre duas mulheres nos anos 1950. Aliás, década pela qual o cineasta nutre certa obsessão.

Na trama, a tímida Therese Belivet (Rooney Mara) é uma vendedora de lojas de brinquedos que sonha em ser fotógrafa e que não tem muita certeza com relação ao casamento. A salvação é a sedutora Carol (Cate Blanchett), uma dona de casa madura e charmosa que camufla medos e inseguranças por meio de uma vida burguesa de confortos. Ela está ali interessada em comprar uma boneca para a filha, mas logo passa a trocar olhares cheios de malícias com a balconista.

“Você sempre entendeu de trenzinhos?”, ironiza ela.

Claro que não demora muito para o público perceber o que está acontecendo e a partir dali se tornar cúmplice de arrebatadora história de amor sufocada pela opressão do sistema e por uma época conservadora que estava longe de compreender certas ousadias do comportamento humano. Daí o fato de, nos anos 1950, a escritora Patricia Highsmith ter escrito a novela que deu origem ao filme usando um pseudônimo.

O preço que Carol irá pagar por tamanha ousadia será caro. Uma mulher presa a um casamento de mentiras e marido grosseiro, ela é acusada de descuido quanto à conduta, segundo uma cláusula de moralidade, no jargão jurídico, e perde a guarda da filha, abrindo também mão do grande amor de sua vida.

Assim como no refinado drama “Longe do Paraíso” (2002) — em que outra dona de casa também dos anos 1950 vivida por Julianne Moore, entrega-se ao prazer com seu jardineiro negro –, em “Carol” Todd Haynes se vale de grande esmero artístico e estético para falar sobre almas solitárias que vagam pelo arriscado caminho das descobertas e apostas cegas.

Impressionante a delicadeza com que o diretor trabalha as cores e tons em seus filmes, valorizando com isso o belo trabalho de direção de arte e figurino. Aqui, uma fotografia cinza envelhecida norteada por névoas, neblinas e flocos de neve, aliada a charmosas elipses visuais, ajudam a criar um clima de incertezas e dúvidas que pairam sobre o horizonte dessas duas mulheres prisioneiras do desejo. Mas há brechas para a luz e o calor do momento, como mostra a tórrida cena de sexo entre as duas amantes. “Eu nunca tive um corpo desses”, provoca uma delas. “Não apague as luzes, quero te ver”, devolve a outra.

Avaliação: Bom

Veja horários e salas de “Carol”.

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