Cannes: “Voir du Pays”, de Delphine e Muriel Coulin
Sem destaque na narrativa, porém estrelado por duas mulheres e numa paisagem paradisíaca, o filme não extrapola o “regular”.
atualizado
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Um esquadrão do exército francês, após completar um turno no Afeganistão, tem 3 dias para descansar num resort cinco estrelas da ilha de Chipre. Ainda processando seus tramas e medos, Marine e Aurore (Soko e Ariane Labed) tentam evitar mais violência tanto do próprio exército, quanto dos outros hóspedes do hotel.
As guerras dos últimos 15 anos, principalmente as do Oriente Médio, causaram um grande fluxo de filmes sobre elas, especialmente nos Estados Unidos. “Voir du Pays” não se destaca tanto destes em material narrativo, com vários momentos facilmente previsíveis. Mas ao ser estrelado por duas mulheres, e por ocorrer no mar mediterrâneo, vale a pena dar uma conferida.
Em inglês, o título virou “The Stopover”, que quer dizer algo como uma leve visita durante uma rota. Como se um passageiro indo de Brasília a Nova Iorque passasse uns dias em São Paulo durante a viagem. Em francês, “voir du pays” quer dizer conhecer o país, como se alguém fosse visitar as cidades e paisagens de sua própria pátria. Ambos são títulos apropriados, pois as soldadas estão saindo da guerra e indo pra casa. Se, para elas, o Iraque é o inferno e a França é o seu, o resort 5 estrelas aonde se passa o filme é um purgatório.
Este filme, como já mencionei, é diferente em escolher duas mulheres como protagonistas de um filme sobre guerra. Mas só isso. Infelizmente ele não ambiciona inovar em suas metáforas, em sua locação ou em seu gênero. O filme até finta um deslocamento para a ficção científica quando vemos os soldados usarem realidade virtual para tentar uma novo terapia. Mas estas longas cenas não levam a nada.
Além disso, a trama é completamente previsível. Sempre que um olhar de uma personagem, ou a ação de outra parece que vai ser mais arriscada, o filme hesita e volta à regularidade Soko e Ariane Labed estão ótimas e criam uma química única entre suas personagens. O hotel que usaram para a filmagem também contrasta uma trama pesada com um background paradisíaco.
É claro que as marcas da guerra acompanham os soldados pelo resto da vida, mas para “Voir du Pays” ser mais do que um filme regular, ele precisaria arriscar mais.
Avaliação: Regular (3 estrelas)