Cannes: “Mal de Pierres”, de Nicole Garcia
A pior versão do que um melodrama deve ser, a inclusão do filme no festival foi um erro
atualizado
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Moradora de uma cidade pequena do interior francês, Marion Cotillard está desesperada com o instinto sexual que brota dentro de si. Numa família conservadora ela tem duas opções: ou entrar num manicômio ou casar com um humilde carpinteiro, escolhido pelos pais. Durante o casamento ela desenvolve pedras nos rins e tem de ir a um hospital, aonde conhece um tenente ferido.
“Mal de Pierres” deveria ser um filme sobre uma mulher angustiada, mas prefere ceder tudo para instintos melodramáticos desatualizados nos tempos de hoje. Gabrielle (Cotillard) começa o filme dentro de um rio, levantando sua saia e mergulhando seu sexo na água, numa representação magnífica de uma tentativa inocente de repressão sexual. É o único momento de magia no filme inteiro. Ela se joga em todos os homens do vilarejo até ser obrigada a se casar com José (Alex Brendemühl), por quem, inexplicavelmente, ela não tem atração nenhuma.
Com um começo até interessante, o filme vira a pior versão de um melodrama. Com sentimentos exagerados e forçados, o que poderia ser a história de uma mulher amadurecendo ressucita clichê após clichê com um twist final pavoroso. Tudo que poderia ser explorado é recusado. Tudo que poderia ser interessante é descartado.