Cannes: “Julieta”, de Pedro Almodóvar
Num dos piores filmes de sua carreir, uma mulher tenta reencontrar a filha, que fugiu de casa na época da faculdade. Baseado em vários contos de Alice Munro.
atualizado
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Almodóvar é um artista da plenitude da vida, e em “Julieta” cometeu um erro crasso: decidiu fazer um filme vazio. Nem as atuações excelentes ou as cores vívidas e brilhantes foram suficientes para compensar a falta de material. Mais decepcionante ainda é o fato do filme se basear em contos da canadense Alice Munro, ganhadora do prêmio Nobel.
O filme se passa em dois tempos da vida de Julieta (Emma Suárez). Quando jovem, interpretada por Adriana Ugarte, ela vive um romance com Xoan (Daniel Grao), da qual nasce Antía. Tempos depois Xoan morre afogado (pego de calças curtas numa tempestade marítima). Aos 18, Antía foge de casa e desaparece. No tempo presente, Julieta descobre que Antía está viva e mora com seu marido e três filhos.
Essa descoberta causa um conflito em Julieta, consumida por culpa e arrependimentos. No presente, sua vida é trágica e consumida pela derrota. Procurar sua filha novamente pode ser um recomeço, mas por outro lado pode ser um desastre, e assim acabar com ela de uma vez por todas.
É uma proposta interessante, mas “Julieta” parece ter sido feito em piloto automático. Todos os momentos interessantes da história acontecem fora de cena, e nos resta acompanhar apenas os momentos de sofrimento de sua protagonista. Seguindo ela apenas em sua depressão, e assim desperdiçando um leque de outros personagens, não leva o filme a nada. Falta mesmo um clímax.
Avaliação: Ruim (1 estrela)