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Cannes: “Dog Eat Dog”, de Paul Schrader

Nada dá certo para o trio de criminosos ou para o diretor deste filme caótico.

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Dog Eat Dog
1 de 1 Dog Eat Dog - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Ah, o que dizer sobre Nicolas Cage hoje em dia? Ora ele decide agir de acordo com seu talento, ora ele vira uma caricatura kitsch de si mesmo. Em “Dog Eat Dog”, de Paul Schrader, ele oscila entre os dois ao se juntar a Willem Dafoe e Christopher Matthew Cook como um trio de criminosos sem sorte que decidem fazer um último ato e ganhar dinheiro suficiente para o resto de suas vidas. Óbvio que nada dá certo–nem pra eles nem para o filme.

Com baixíssimo orçamento e um visual kinético, o resultado poderia ser uma genialidade pós-moderna, livre, leve e solta de qualquer amarra moral ou comercial. Só que esse filme já existe, é “Assassinos por Natureza”, de Oliver Stone. O que Schrader consegue é arrancar alguns poucos momentos divertidos para os fãs de seus atores principais, mas nada que sustente o filme como um todo.

Schrader é um ancião clássico de Hollywood. Roteirista desde 1974, escreveu “Taxi Driver”, “Touro Indomável”, “A Última Tentação de Cristo”, entre outros. Dirige desde 1978, com títulos como “Gigolô Americano”, “A Marca da Pantera” e “Temporada de Caça”. Mas em 2013 ele decidiu se arriscar em filmes “experimentais”, lançando “The Canyons”, com Lindsay Lohan e o astro do cinema pornô James Deen. Experimento arriscado, filme horrível, especialmente pela performance dos dois “astros”. Seu último filme “Dying of the Light” foi tomado dele pelos produtores, e ele nem sequer chegou a terminá-lo da maneira que queria.

Em “Dog Eat Dog” ele investe um pouco mais nos atores. Tanto Cage quanto Dafoe são rostos conhecidos e talentosos. É provável que Schrader tenha conseguindo interessá-los no projeto prometendo anarquia completa em set. Desde a primeira cena, em que Dafoe assassina sua namorada e a filha adolescente dela, pintando as paredes rosas com sangue das vítimas enquanto viaja com crystal meth. É uma mensagem clara já de início: você não encontrará ninguém para quem torcer neste filme.

Com o pior do ser humano em evidência, Schrader está desafiando seus espectadores a não empatizarem com estes criminosos. Se trata de uma das coisas fundamentais do cinema: o poder de fazer você torcer para qualquer tipo de protagonista. Acompanhando sua trajetória é impossível não torcer, nem que seja lá no fundo, para que ele se dê bem. É justamente no final do filme, quando nada dá certo para os três criminosos, que ele funciona melhor. Pena que o experimento não dá certo.

Avaliação: Ruim (1 estrela)

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