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Cannes: “Câini”, de Bogdan Mirica

Semelhante a “Onde os Fracos Não Tem Vez” (2007), dos Irmãos Coen, o filme é mais um exemplo de faroeste moderno entre criminosos

atualizado

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Festival de Cannes/Divulgação
Dogs, Cannes
1 de 1 Dogs, Cannes - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

No começo, um plano lento de um pântano encoberto por um musgo de um tom vivaz de verde. A camera quase parada começa a se aproximar de um ponto na superfície bem devagarinho. No momento em que o espectador se pergunta se algo vai acontecer nessa desgraça, acontece a primeira: um pé dilacerado emerge das profundezas do pântano e começa a boiar. O momento é um símbolo do filme como um todo, um western moderno devagar e bem fotografado, que finaliza num estrondo de violência.

Roman (Dragos Bucur) vira um grande dono de terras rurais próximas do Mar Negro após a morte de seu avô. Recém chegado da cidade para fazer uma inspeção de sua propriedade, o jovem planeja sua venda imediata (o topógrafo que veio medir a area sumiu). Roman encontra o casarão de seu avô vazio, com portas e janelas abertas. Preocupado, ele procura o caseiro (Constantin Cojocaru), que lhe explica que aqui nas terras do velho, nada se tem a temer.

Fica bem óbvio que Roman não conheceu seu avô muito bem, visto que diversas indiretas dos habitantes locais não são o suficiente para explicar que o velho era um grande chefão do crime. Pior que isso, o crime e a máfia rolam solto neste fim de mundo. A força policial se resume a duas pessoas, sendo um deles Hogas (Gheorghe Visu), figura típica do policial prestes a se aposentar confrontado com um último conflito a resolver.

O conflito, aliás, está personificado em Samir (Vlad Ivanov) segundo comandante da máfia local que agora seria promovido a poderoso chefão. Determinado a manter os negócios como estão, seu objetivo é convencer Roman a não vender as terras, o que deslocaria a gangue. O paralelo entre os três personagens principais de “Onde os Fracos não Tem Vez”, dos Irmãos Coen (o vilão Anton Chigurh, o xerife Ed Tom Bell e o homem involuntariamente colocado entre eles, Llewelyn Moss), talvez não seja mera coincidência.

Enquanto o filme americano é mais acessível a espectadores (sua credibilidade mainstream ainda lhe rendeu o Oscar de melhor filme daquele ano), “Caini” está completamente despreocupado com a paciência de quem o assistir. Extremamente devagar e ponderado, por vezes até enigmático, o filme foca mais nas motivações e nas entrelinhas de seus personagens do que nos beats de uma história de crime. Boa para criar suspense, a técnica não está aprimorada o suficiente por este diretor para alçar seu filme ao status de obra-prima.

Avaliação: Ótimo (4 estrelas)

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