Cannes: “Bu-San-Haeng”, de Yeon Sang-Ho

O Festival de Cannes tem uma seleção especial todo ano de “Filmes da Meia-Noite”. Eles não concorrem a prêmio algum, seja a Palma de Ouro ou um troféu nas mostras paralelas. Os filmes que a integram são sempre de diretores conceituados, mas com premissas mais esdrúxulas, comerciais ou divertidas. Recentemente passaram a comédia terror “Drag Me to Hell”, de Sam Raimi, o documentário “Amy”, de Asif Kapadia e até o pornô-chic “Love”, de Gaspar Noé.

Neste ano, que tal uma comédia-terror zumbi da Coreia do Sul? O país orientql também não está isento da moda zumbi, e num filme de ação divertidíssimo pai e filha tentam sobreviver a bordo de um trem com destino a Busan, única cidade que oferece alguma possibilidade de segurança. Claro que há uma tensão familiar: a pequena Soo-an (Soo-an Kim) mora com um pai executivo (Yoo Gong) que não lhe presta muita atenção. Com saudade da mãe, ela pede que ele o deixe com ela, na cidade de Busan.

Eles pegam um trem no momento em que uma epidemia zumbi toma conta do país. Por uma coincidência muito fortuita, Busan ainda está sob controle dos “humanos”. Assim como em vários outros exemplos de gênero, o espaço fechado que os protagonistas ocupam (neste caso o trem) vira uma mini representação da sociedade como um todo. Junto com eles estão um time adolescente de baseball, um homem durão com sua esposa grávida e um executivo dono de empresas de ônibus.

Não se trata aqui de uma obra-prima da sétima arte, mas sim de uma montanha russa que fez a sessão de gala em Cannes aplaudir, rir e assobiar. A ação é desenfreada, o humor é escrachado e a tensão é constante. O diretor é claramente fã de George Romero e da nova onda dos zumbis. Para os bem-versados na linguagem, é importante classificar que nesse trem, os zumbis não são aqueles versão lenta, que vão caminhando vagarosamente até suas vítimas, mas sim dos zumbis “velozes”, seres dotados de força e velocidade prontos para devorarem tudo à sua frente.

Avaliação: Bom (3 estrelas)