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Cannes: “Blood Father”, de Jean-François Richet

Além da presença metalinguística de Mel Gibson no elenco, o filme não mostra nada de interessante em seu gênero mais que batido.

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Festival de Cannes/Divulgação
blood father
1 de 1 blood father - Foto: Festival de Cannes/Divulgação

Mel Gibson está com a cara bem diferente. Em seu novo filme de ação, e no tapete vermelho, usa uma barba de hermitão daquelas que deixa o dono sem poder comer sopa ou muito molho no dia-a-dia. Esta barba, que não sabemos se foi da vida pra tela ou da tela pra vida é a coisa mais interessante de “Blood Father”, que além da presença de Gibson no elenco, não mostra nada de interessante em seu gênero mais que batido.

John Link (Gibson) mora no deserto, abandonado por todos de uma existência prévia regada a drogas e álcool. Dividindo seu tempo entre um pequeno estúdio de tatuagem (Gibson foi cortado de “Se Beber Não Case 2”, aonde faria uma ponta como tatuador, porque o elenco se recusou a trabalhar com ele), reuniões de AA e conversas com amigos, recebe a ligação da filha que o abandonou. Esta, por sua vez, é namorada de um traficante mexicano que acaba de ser assassinado pelo rival e agora busca pretensão. Óbvio que cabe ao paizão bad boy ser seu protetor.

A relação entre este personagem e a vida passada de Gibson não pode ser ignorada e o filme já a reconhece em seu primeiro plano: um closeup do rosto de Link, com olhos batidos e pele enrugada, como se a maquiagem tivesse reforçado as linhas do tempo em vez de as suavizado. Colocando um personagem ex-drogado e ex-alcoolatra para começar com uma cena num encontro de Alcoolicos Anonimos, o diretor Jean-François Richet constrói um cenário aonde assistir Mel Gibson fica novamente aceitável.

Considerando que a trama não é nada demais, apenas uma versão pior de tiroteio, perseguição e violencia que nos dias de hoje se tornaram produtos rentáveis para atores cinquentões (lembre-se de Liam Neeson na série “Busca Implacável” ou Sean Penn em “O Franco-Atirador”), vale a pena mencionar esse nível meta, aonde “Blood Father” é na verdade uma campanha para gostarmos novamente de uma pessoa execrável que se diz capaz de tudo para salvar outro. No caso, a própria filha.

Avaliação: Ruim (1 estrela)

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