“Eu estava completamente errado”, diz Felipe Lutfallah Farah sobre acidente
O motorista alega que saiu imediatamente do local do atropelamento porque teria sido ameaçado pelo motociclista Flávio Sousa
atualizado
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Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Felipe Lutfallah Farah, filho do empresário Lutfallah Ramez Farah, alegou que não estava sob efeito de álcool quando atropelou, com um Range Rover, o vigilante Flávio Sousa, no domingo (1/11). Ele disse ainda que saiu do local do acidente porque foi ameaçado pela vítima.
“Fui embora porque ele estava querendo me bater. Eu estava completamente errado, não queria discutir. O meu seguro vai arcar com o prejuízo”, explicou. O filho do empresário alegou ainda que sua família prestou apoio para o motociclista no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e deixou um cartão com o número do celular, colocando-se à disposição para ajudar no que fosse necessário.Flávio Sousa, no entanto, contradiz a versão de Farah. “Parei no sinal. Quando eu ia seguir com a moto, o carro surgiu em minha direção. Tentei desviar para o lado esquerdo, mas o veículo era muito grande a acabou batendo na moto, que deslizou na pista. Ele ficou assustado, colocou a mão na cabeça. Tentei levantar para perguntar quem pagaria a minha moto e ele entrou no táxi. Apenas me disse que o carro tem seguro”, lembra.
Felipe conta que, momentos antes do acidente, estava em uma festa de Halloween e saiu para buscar a prima e amigas em outro evento no aeroporto. Testemunhas que socorreram a vítima informaram que o grupo estava sob efeito de álcool. “Não bebo, desconheço a origem das garrafas que estavam no carro”, defendeu-se Felipe, acrescentando que, após a colisão, o carro ficou abandonado na pista e que “qualquer um” poderia ter plantado as bebidas lá.
Farah contou ainda que seguia no sentido aeroporto-Gilberto Salomão quando, próximo à QL 2, do Lago Sul, o carro perdeu o freio no instante em que ele ia reduzir a velocidade para passar em um pardal. “A pista estava molhada, ainda consegui desviar de outros carros e das árvores do canteiro central”, disse.
Felipe informou que pediu para a Polícia Civil guinchar o veículo e deixou a cidade porque tinha que passar o feriado em Rio Verde, Goiás, onde o avô está sepultado. Porém, a reportagem do Metrópoles estava presente no momento em que o caseiro do filho do empresário, dirigindo uma BMW, se apresentou aos policiais pedindo para levar o carro.
O vigilante foi socorrido por testemunhas, que chamaram os bombeiros. Ele foi levado ao HBDF com escoriações leves e uma lesão no joelho. A moto foi guinchada por um amigo. “Estou me recuperando em casa, mas não posso ficar no prejuízo”, conclui Flávio. Segundo Felipe, o seguro garantiu que até sexta-feira (6/11), fará a vistoria nos dois veículos. “Vou oferecer meu motorista para levá-lo ao trabalho até que a situação se resolva”, garante Farah.
Sonho realizado
A moto preta, comprada em fevereiro e dividida em 18 prestações, era motivo de orgulho de Flávio Sousa. Foi um ano juntando dinheiro para facilitar o transporte de casa para o trabalho. O caminho é longo, são cerca de 50km de Valparaíso, Goiás, para o Lago Sul, onde ele trabalha à noite.
E foi nesse trajeto, percorrido todos os dias às 19h e às 7h, que Flávio se acidentou após ser surpreendido pela Range Rover na manhã de domingo. A motocicleta, que até então poupava Flávio do desgaste de pegar dois ônibus para trabalhar, está amassada. O vigilante garante que não tem como pagar o reparo. “Moro de aluguel, pago pensão para dois filhos, não tenho condições para assumir essa dívida”, disse.