Sinpol em pé de guerra. Disputa por espaço racha sindicato no DF
Onze dos 32 diretores teriam pedido para sair por discordar da direção da entidade que representa os policiais civis
atualizado
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O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol) está em pé de guerra. A diretoria executiva da entidade, uma das mais representativas na capital do país, rachou. A situação piorou depois que o 1º vice-presidente, Renato Rincon, perdeu a licença classista – benefício que permite o servidor se afastar do serviço para cumprir o mandato integralmente no sindicato. Ao Metrópoles, Rincon define a mudança como um ataque pessoal.
“Vou fazer jornada dupla. Terei que cumprir horário na delegacia, além de me inteirar sobre as atividades do sindicato. Outros diretores já renunciaram ao mandato por não concordarem com atitudes equivocadas da direção”, denuncia.
Um despacho de 23 de março traz a substituição da licença classista de Renato por Paulo Roberto de Sousa, secretário-geral da entidade. O 1º vice-presidente informou que entrou com um recurso administrativo junto à Direção-Geral alegando que o benefício não poderia ser retirado sem a sua anuência.
“A categoria percebe que há um conflito interno, claramente motivado por interesses políticos. Não há justificativa plausível para manter na licença classista a segunda-vice presidente e o recém licenciado secretário-geral, deixando de fora o primeiro vice-presidente”, ressaltou. O mandato dos diretores teve início em 1º de maio de 2014 e segue até 30 de abril de 2017, ano das eleições sindicais.
Por meio de nota, o Sinpol-DF informou que foi uma decisão tomada de forma colegiada e que fez a opção pela substituição “para que a entidade tenha ainda mais eficiência”. O sindicato ressaltou que são 25 diretores trabalhando em seus locais de trabalho e, de acordo com a lei, apenas quatro têm direito ao afastamento do órgão de origem.
Relação conturbada
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a relação entre o presidente Rodrigo Franco e Rincon sempre foi conturbada. “Existe uma briga de egos muito grande ali dentro. Eles nem se conheciam antes de assumirem o cargo no sindicato. Onze dos 32 diretores pediram para sair com críticas severas à presidência”, contou um policial que não quis se identificar.
Para muitos, a postura radical e de confronto adotada por Franco em relação à gestão do delegado Éric Seba no comando da Polícia Civil não é boa para a categoria. O motivo seria a disputa por espaço político. O dirigente do Sinpol acusa Seba de preterir os atuais representantes sindicais motivado por interesses eleitorais dentro da entidade.
Em nota divulgada no mês passado, Franco atacou frontalmente Seba: “É clara a resistência em nos receber, mais difícil ainda em atender nossos pleitos, que são os da categoria. Já encaminhamos, pelo menos, 30 ofícios e praticamente nenhum foi atendido ou, pior, respondido”.
Seba reagiu à provocação também por meio de nota. “Registro que, a despeito do imenso apreço que tenho pela referida entidade sindical, bem como da absoluta consciência da sua importância, não há definitivamente nas ações da Direção Geral da Polícia Civil quaisquer direcionamentos neste sentido. A palavra união incomoda àqueles que querem se impor pelo autoritarismo”.
Benefícios
Outro ponto de discórdia entre a categoria seriam os benefícios concedidos aos diretores do Sinpol. Auxílio alimentação, transporte e até mesmo vestuário foram incluídos no estatuto do sindicato em outubro de 2015. As alterações forma votadas em assembleia. Dos cerca de sete mil sindicalizados, pouco mais de 30 participaram da reunião.
Juntas, a ajuda de custo chega a R$ 2,5 mil, recursos bancados pelas mensalidades pagas pelos agentes sindicalizados. Veja abaixo:
Audiência
Mas a gota d´água teria sido uma audiência pública realizada na Câmara Legislativa para tratar do auxiílio-moradia dos policiais civis. Franco e Rincon teriam chegado atrasados. Paulo Roberto, o secretário-geral, teria assumido a mesa ao lado do presidente da comissão, deputado Wellington Luiz (PMDB).
Com a chegada de Rincon, Paulo teria se recusado a dar lugar ao colega, afirmando que o presidente do Sinpol já estaria a caminho. Mesmo com o impasse, Rincon sentou e se negou a sair mesmo com a chegada de Rodrigo Franco. Foi preciso arrumar uma cadeira extra para ele.